sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Violência contra a mulher só é destaque na cobertura policial.E as políticas ou a legislação destinada a combater ou prevenir essas agressões?



Violência contra a mulher só é destaque na cobertura policial.E as políticas ou a legislação destinada a combater ou prevenir essas agressões?


(Agência Patrícia Galvão/ANDI/SPM) A violência contra as mulheres é um tema de destaque no noticiário brasileiro. Segundo a “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Violência contra a Mulher”, quase 20% do que é publicado nas páginas de jornal merece chamada de capa. O problema é que este apelo vem acompanhado de uma cobertura policialesca que pouco se interessa pelas políticas ou pela legislação destinada a combater ou prevenir essas agressões.

Saiba mais
- Análise da cobertura de 16 jornais de todas regiões brasileiras sobre a Violência contra Mulher no noticiário aponta que a discussão sobre legislação é esquecida.



- “Seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística” discutirá os resultados desta e de outras três pesquisas inéditas. O evento acontecerá em Brasília, no dia 3 de outubro.


A violência contra a mulher é um tema de destaque no noticiário brasileiro. Segundo a “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Violência contra a Mulher” quase 20% do que é publicado nas páginas de jornal merece chamada de capa.


O problema é que este apelo vem acompanhado de uma cobertura policialesca que pouco se interessa pelas políticas ou pela legislação destinada a combater ou prevenir as agressões. 


Apenas 13% da cobertura relaciona-se ao Estado e suas ações.


Mais de 80% do material analisado são denuncias descontextualizadas e parciais do problema, e sem propostas ou soluções para evitar novas ocorrências.


A pesquisa é a terceira de uma série de quatro levantamentos realizados pela ANDI – Comunicação e Direitos e pelo Instituto Patrícia Galvão, no âmbito de projeto desenvolvido com o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.


Cobertura local e individualizada


Em 73,78% do material analisado, a abordagem é individualizada. Ou seja, as notícias narram casos isolados de violência sem referenciar o problema ou questionar as diferentes esferas de governo para prevenir os ocorridos ou penalizar os agressores.


Por isso, 35,1% dos textos sobre o tema são publicados nas seções de notícias locais, geralmente nas páginas policiais.


No mesmo sentido, as fontes de informação mais escutadas pelos jornalistas são os policiais: 25,83% do noticiário. Além dos agentes de segurança pública, também são consultados especialistas (11,31%), o Judiciário (8%), o Ministério Público (3,67%) e representantes dos governos estaduais (3,1%).


Políticas e legislação fora da pauta


Outro indicativo da falta de debate mais aprofundado nos jornais é a pequena visibilidade das políticas públicas e da legislação que trata dos crimes contra a mulher.


Somente 2,13% da cobertura mencionam políticas públicas. A baixa porcentagem indica um desinteresse em cobrar, monitorar e avaliar as iniciativas do poder público voltadas à questão.


Cerca de 87% do noticiário também esquecem da legislação existente na área. A Lei Maria da Penha, que completa cinco anos em 2011, é uma das poucas que merecem alguma citação.


Mesmo assim, as notícias publicadas em 2010 não contemplam questões cobradas por esta lei como a ausência de mecanismos para a coleta e disponibilização de estatísticas; a necessidade de campanhas educativas e o papel da educação na mudança de atitudes.


Causas da violência e soluções


É pequena também a abordagem da imprensa sobre as causas da violência contra a mulher. Somente 13,49% dos textos aprofundam a discussão neste sentido. A ineficiência das autoridades e a desestruturação familiar são os motivos mais destacados.


Pouco mais de 12% dos textos mencionam a impunidade do agressor ou as dificuldades de penalizá-lo pelo crime.


Outro problema comum enfrentado pelas vitimas de agressão é a falta de canais para a denúncia. A imprensa pouco colabora nesse sentido. Apenas 4% das notícias enfocam os serviços de atendimento como o Ligue 180 e as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs).


Também faltam reportagens sobre a precária situação dessa rede de atenção às mulheres. 


Ao ignorar essa lacuna do Estado, a imprensa perde a oportunidade de cobrar respostas dos poderes públicos.


Seminário irá debater visibilidade da mulher na mídia
A ANDI, o Instituto Patrícia Galvão e o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero já divulgaram anteriormente dois resumo executivos das análises de imprensa sobre “Mulheres na Política” e “Mulheres e Trabalho”.  Em outubro, a parceria irá apresentar dados de um estudo de caso sobre a cobertura da posse da presidente Dilma Rousseff.

Os resultados completos serão debatidos no seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística, organizado pela Secretária de Políticas para as Mulheres. O evento reunirá em Brasília profissionais de imprensa e especialistas na agenda de equidade de gênero. Será realizado no dia 3 de outubro, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto, e é aberto ao público.

Inscrições online pelo site: http://adm.informacao.andi.org.br/seminario/.

O resumo executivo da pesquisa está disponível para download.

O Observatório é uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República para dar visibilidade e fortalecer as ações na promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Para isso, o Observatório atua em cinco grandes eixos: Indicadores; Políticas Públicas; Legislação e Legislativo; Internacional; e Comunicação e Mídia.

 
Fontes
Instituto Patrícia Galvão
Jacira Melo e Marisa Sanematsu 
jaciramelo@uol.com.br / msanematsu@uol.com.br 
(11) 3266-5434


ANDI – Comunicação e Direitos
Lauro Mesquita e Diana Barbosa
lmesquita@andi.org.br   
(61) 2102-6530

Observatório Brasil da Igualdade de Gênero
Nina Madsen e Júlia Zamboni
nina.madsen@spmulheres.gov.br / julia.zamboni@spmulheres.gov.br
(61) 3411-4227

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