Norma Benguell e Dilma e o Poder da Liberdade.
Um regime de ditadura pontua um espaço e um tempo pela força opressiva de sua ação ditatorial, entretanto nem todos que habitam esse espaço e esse tempo percebem essa ação opressiva. Muitos, por suas próprias condições ontológicas marcadas por uma profunda alienação existencial, nada sentem. Outros, guardados em seus anseios pessoais, nada compreendem. Outros, por medo comum da existência, nada percebem. Mas há aqueles que a percebem e a aderem como seus salvo-condutos para seguir suas existências vazias até que finde “o tempo que lhe foi dado viver sobra a terra” (Brecht).
A ditadura militar que perdurou no Brasil entre os anos 1964 e 1985 foi pontuada por estes personagens. Todavia, existiram outros que diferiram profundamente de todos esses marcados pela ausência da vivência libertária. Foram aqueles que sabiam o que estava acontecendo no país, se revoltavam, mas por suas próprias limitações não se comprometeram como opositores claros contra o regime. Já outros, em suas próprias formas de expressão grupal, se manifestaram contra a liberdade suprimida pela ditadura. Esses foram perseguidos, sequestrados, presos, torturados, e alguns assassinados.
Norma Benguell e Dilma e os canalhas.
A atriz premiada no moderno cinema brasileiro, e conhecida internacionalmente, Norma Bengell, foi uma dessas mulheres que se revoltou contra o regime de exceção instalado no Brasil. Ela, junto com outros artistas engajados, protestou, nos seus moldes de artista, contra o arbítrio tirânico que atingiu toda a sociedade brasileira e, principalmente, o universo artístico, que teve sua potência criadora cerceada.
Teatro, cinema, poesia, romance, conto, música, todas expressões criadoras foram atingidas pela força castradora da irracionalidade. Essa a participação da atriz Norma Bengell na luta contra a ditadura, na tentativa de construir um Brasil livre, um Brasil democraticamente criador.A ex-ministra Dilma, candidata à Presidência do Brasil, ainda uma jovem estudante nos fins da década de 60 e começo de 70, engajou-se também na luta pela liberdade do país. Como estudante, usou os moldes de sua classe. Fez passeatas, discursou, panfletou, praticou o que um jovem estudante, por sua própria condição ontológica de lidar com os saberes e os dizeres democráticos, diante de uma situação como a que se alastrava no país, pode exercitar.
Mas Dilma foi presa, torturada, como muitos que se opuseram claramente contra o regime dominante.
Hoje, Dilma é um ser social composto por corpos capazes de fazer com que a liberdade democrática brasileira construída pelos movimentos político, econômico, social, artístico, entre outros, possa se expandir muito mais e assegurar a serenidade necessária para a produção de uma sociedade brasileira mais alegre e confiante.
Mas eis que os canalhas, impulsionados por seus pútridos humores, passaram a tentar inverter aquilo que foi um ato político, social e histórico da práxis de uma existência estudantil, em um ato condenável, digno de repulsa. Tudo com o único objetivo de confundir os eleitores sobre a dignidade desse ser social livre, Dilma, para ver se conseguem eleger seu candidato, o representante maior da direita, José Serra.
Em seu blog Dilma na web, foi exposta a imagem fotográfica da atriz Norma Bengell em uma passeata. Foi o suficiente para que os canalhas vissem uma nota despropósita, cujo único objetivo era seduzir o eleitor. Uma reação estupidamente fascista, visto que os únicos que não poderiam julgar o fato seriam exatamente eles, os canalhas. Esses canalhas que enquanto Dilma corria perigo, muito deles se acovardavam diante do autoritarismo, outros aderiam às forças repressivas, outros ainda não haviam nascido, mas já se manifestavam como corpo-subjetivado do medo, da covardia e da subserviência à enunciação semiótica do capitalismo burguês predador.
Dilma, então, pediu desculpas à atriz Norma Bengell pelo uso de sua imagem. Mas Norma Bengell, na sublimidade de seus 74 anos, veio à público e fragmentou as projeções-patológicas dos canalhas, considerando:
“Não tem nada que pedir desculpas. Fiz parte das passeatas contra a ditadura. Aliás, eu gosto da Dilma. Acho que ela é uma mulher maravilhosa, uma mulher que sofreu muito. Tomara que ganhe.”
Os canalhas, em seus instintos degenerados, não gostaram. Fecharam-se em suas mentes execráveis, mas já urdindo uma nova investida sórdida. Enquanto isso, Dilma continua sorrindo, dialogando sobre a liberdade democrática que seu futuro governo pretende criar irmanado nos processuais políticos produzidos por Lula, seu insigne amigo. Tudo que pode realizar o desejo de Norma Bengell: “Tomara que ganhe.
Transcrito do:
Para os canalhas:
Maria da Penha Neles!
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