quinta-feira, 20 de maio de 2010

E qualquer desatenção, faça não / Pode ser a gota d’água...

Qualquer tentativa de desqualificar a corajosa diplomacia brasileira pode causar efeitos eleitorais muito negativos.
O Globo amanheceu cheio de cravos e ferraduras. Na capa, um título maroto:

A perguntinha, no entanto, é respondida no próprio texto sob o título, onde se menciona o "passo diplomático mais audacioso dado até agora pelo Brasil". A insinuação de que o Brasil, para obter uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, precisaria se alinhar aos UEA, é ofensivo à integridade moral do país. O CS da ONU deve ser ampliado justamente para que opiniões divergentes das do EUA possam, democraticamente, se fazer valer nas grandes discussões.
O pasquim de Ali Kamel viu-se forçado a publicar, na edição impressa, além dos hariovaldos de sempre, cartinhas como essa:
E publicar entrevistas como essa, com um especialista em relações internacionais, que defende o Brasil e ataca as potências ocidentais. Um trecho:
É ridículo tratar de ingênuos dois países que tentam restabelecer o diálogo com o Irã. O que querem exatamente os diplomatas ocidentais? Tenho a impressão de que alguns países não querem solucionar a crise.

Os editorialistas da big press observaram que, lá fora, a admiração por Lula só aumentou. Mesmo os críticos do Irã escreveram com admiração pelo papel desempenhado pela diplomacia brasileira. Reconhece-se em toda parte que o Brasil lutou valentemente em favor da paz mundial. Além da questão nuclear, o esforço brasileiro teve o mérito de sinalizar, de uma maneira bastante concreta para o Brasil e para todos os emergentes, a nova configuração geopolítica do mundo.

A questão serviu ainda para fazer o Jornal do Brasil romper o cordão umbilical que o fazia parecer um rebento malformado do Globo, e adotar uma linha independente e nacionalista:


Capa da edição desta quarta-feira dia 19 de maio de 2010).

Ótimo sinal. O Rio precisa de um contraponto ao Globo. O JB vem se recusando a fazer isso. Se ele tomar coragem de fazê-lo, pode ter um bom futuro como jornal de opinião na segunda maior cidade do Brasil.

Até amargurado Clovis Rossi resolveu defender a iniciativa diplomática de Lula:
Quem estimulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dialogar com os iranianos foi ninguém menos que Barack Obama.
Fonte: Óleo do diabo

E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d’água

Música: Gota d'Água composta por Chico Buarque de Hollanda em 1975

"Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d’água."



Lula faz a síntese de seu périplo pró Paz Mundial

Caro Presidente Lula:

A quem interessa a guerra? Ou a quem não interessa efetivamente a paz mundial?

Aos que se sentem ameaçados em seu poder e prestígio porque apóiam ou são os senhores da guerra;

Aos donos das indústrias bélicas por motivos óbvios e por serem os grandes financiadores de campanhas políticas nos EUA;

Aos capachos tupiniquins conservadores e raivosos, portadores de mentalidade colonialista;

Às pessoas que não falam a linguagem do coração.

Presidente Lula: a sua parte está feita e bem feita! Compete aos outros fazerem bom uso ou não.


6 comentários:

Maria,viajante do Universo de passagem pelo planeta Terra disse...

NYT: Estrela de Lula brilha mais com acordo no Irã
http://www.nytimes.com/aponline/2010/05/18/world/AP-LT-Brazil-Silvas-Rising-Star.html?_r=4

Pra começar:

Silva's Brazil Star Shines Brighter With Iran Deal
By THE ASSOCIATED PRESS
Published: May 18, 2010

Filed at 2:29 a.m. ET

Brazil's president says Iran's agreement to a nuclear fuel deal he helped craft proves his nation has finally become a new global power broker.

Yet most of the credit headed Brazil's way may well go to Luiz Inacio Lula da Silva himself. The leader famously popular at home and abroad is soon leaving office to a more-obscure successor, even as he looks for his own new challenges.

Verediana disse...

Ahmadinejad diz que acordo "abre nova era"
Presidente iraniano reafirmou a importância de acordo nuclear assinado entre seu país, Turquia e Brasil
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, insistiu neste domingo que o acordo para facilitar a troca nuclear assinado entre seu país, Turquia e Brasil é uma oportunidade para fortalecer a cooperação no mundo. "Este documento significa o início de uma era nova nas relações políticas na arena internacional", disse Ahmadinejad durante uma conversa por telefone com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, citado pela agência local "Isna".

ler na íntegra

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/ahmadinejad+diz+que+acordo+abre+nova+era/n1237633938448.html

Eva disse...

O Irã e o império decadente

Luiz Carlos Bresser Pereira*, na Folha de S. Paulo, em 23/05/2010

Há algum tempo, o establishment mundial recebeu com um misto de irritação e descrença a notícia de que o presidente Lula se dispunha a intermediar a questão do Irã.

Na semana passada a diplomacia brasileira alcançou um êxito histórico em Teerã ao lograr que o governo nacionalista islâmico do Irã aceitasse o acordo sobre a troca de urânio pouco enriquecido por urânio enriquecido a 20% nos mesmos termos que as grandes potências e a AIEA(agência atômica da ONU) haviam proposto há seis meses.

Não obstante, alegando que o acordo não assegura que o Irã não utilizará o restante do urânio em seu poder para se tornar potência nuclear, os EUA conseguiram convencer as demais grandes potências a levar ao Conselho de Segurança da ONU a proposta de novas sanções ao Irã. E adicionaram mais uma “razão”: assim, evitam que seu aliado Israel bombardeie o Irã. Significa isso que o acordo de Teerã fracassou?

As razões para ignorar o acordo bem pensado e realizado não se sustentam. A recusa dos EUA de continuar a negociação a partir dele deixou mais uma vez claro que seu objetivo principal não é evitar que o Irã tenha a bomba, mas é desestabilizar seu governo.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, os EUA vêm procurando derrubar o governo nacionalista iraniano. Primeiro, porque o regime seria fundamentalista; depois, porque ameaçaria Israel.

Nesse sentido, suas ações não se limitaram ao “soft power” e à diplomacia, mas foram militares. Em 1981, financiaram uma guerra mortífera do Iraque de Saddam Hussein contra o Irã, que durou quase dez anos e terminou com a derrota da coligação americano-iraquiana.

Agora, depois de haver invadido e submetido seu antigo aliado, voltam- se de novo contra o regime dos aiatolás e de seu boquirroto e autoritário presidente, Mahmoud Ahmadinejad.

Mostram, assim, coerência em sua política imperial de controle político-militar do Oriente Médio. O fato de a China ter concordado em assinar o pedido de mais sanções significaria que não usará seu poder de veto no Conselho de Segurança? É possível, mas não é provável. A China assinou o pedido para, neste momento, não aumentar seu contencioso com os EUA, que já é grande.

Por isso, é bem possível que o acordo de Teerã e as reações que está provocando levem os chineses, que não têm interesse em que os EUA e a Europa aumentem ainda mais seu poder no Oriente Médio, afinal a recusar seu voto às sanções.

Os EUA são um império em decadência que tenta ser imperial em uma fase da história mundial na qual os impérios não fazem mais sentido.
ler mais emhttp://www.viomundo.com.br/voce-escreve/bresser-o-ira-e-o-imperio-decadente.html

Laureci disse...

22/05/2010 - Brasília Confidencial , com agências

Agência Reuters revela que Obama apoiou Lula a mediar o acordo com Irã

Líder da reação de desconfiança ao acordo mediado pelo Brasil e a Turquia e estabelecido entre a Turquia e o Irã, sobre a questão nuclear, o governo dos Estados Unidos estimulou esse acordo duas semanas antes de que ele fosse celebrado. Segundo revelou ontem a agência internacional de notícias Reuters, o presidente norte-americano, Barack Obama, enviou carta ao presidente Lula não apenas apoiando a iniciativa de negociação com o governo iraniano, mas, ainda, sugerindo condições.

O acordo foi fechado segunda-feira. Um dia depois, os Estados Unidos, apoiados por França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha, apresentaram na ONU uma proposta de imposição de novas sanções contra o Irã.

Conforme a Reuters, o presidente Obama escreveu a Lula que “uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano”.

O acordo celebrado em Teerã prevê exatamente o que consta na carta: 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido serão enviados para território turco e, em troca, o Irã receberá 120 quilos de combustível nuclear.

Em outro trecho da carta revelada pela agência, Obama escreveu:

”Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da Agência Internacional de Energia Atômica”.

O Irã assinou um documento se comprometendo com os termos acertados junto aos governos do Brasil e da Turquia. O texto será encaminhado segunda-feira à AIEA.

Em Washington, a Casa Branca não confirmou nem negou a existência da carta. A assessoria alegou que não pode divulgar o conteúdo de cartas oficiais do presidente Barack Obama. Em Brasília, a assessoria da Presidência da República confirmou que Lula recebeu correspondência de Obama. Não divulgou o conteúdo, mas reiterou declaração feita quarta-feira pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

“Quem primeiro nos falou, inclusive que nós deveríamos nos interessar, aliás, que o presidente Lula devia se interessar em ajudar na questão do Irã foi o presidente Obama. E nós temos agido, temos conversado, como sempre, com os Estados Unidos. Há uma divergência, obviamente, sobre a maneira de conduzir o tema, mas há um objetivo em comum, que é conseguir uma solução pacífica para a questão”, afirmara o ministro.

http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=15958

Anônimo disse...

“Foi engano, foi um erro. Não foram apenas milhares de pessoas que perderam suas vidas, foram também milhões de pessoas que perderam a fé em nós porque eles não acreditam que fomos pelo caminho certo. Não havia armas de destruição em massa, a prova não foi boa. Então, devemos dizer, alto e claro, em retrospecto, que agimos errados”, afirmou o ex-ministro da Energia da Inglaterra, Ed Miliband, do partido trabalhista, sobre a atuação de seu governo na Guerra do Iraque.

A revisão da culpa não muda nada. Os mortos não ressuscitam, assim como não trata-se de fé quando se trata subjetividade política onde os homens são apenas enunciações abstratas tanto produzidas pelo partido trabalhista inglês, o partido conservador que agora governa a Inglaterra. Não há como recuperar a fé da sociedade quando ela não é experimentada como um corpo concreto.

Anônimo disse...

jornal Guardian, de Londres:
Bomba de Israel para os racistas da África do Sul fortalece Brasil e Irã



Peres ia vender ogivas ao regime do apartheid e hoje preside Israel
Saiu no jornal Guardian, de Londres:

O Governo de Israel ia vender ogivas nucleares, de diversos tamanhos, ao regime racista do apartheid da África do Sul.

O negócio só não saiu porque era muito caro.

E como fica a posição dos Estados Unidos/Israel, diante do acordo do Brasil e Turquia com o Irã ?

Israel pode ter bomba e sair por aí a vender a regimes renegados pela comunidade internacional, como era o regime do apartheid ?

A propósito, o Irã entregou hoje, como prometido, o acordo com o Brasil e Turquia à Agencia Internacional e Energia Atômica.

O que dirão os embaixadores de pijama ? Conversa Afiada