Ativistas repudiam declarações do jornalista Alexandre Garcia na rádio CBN sobre gravidez em mulheres com HIV
08/05/2010 - 15h
O jornalista Alexandre Garcia, do Bom Dia Brasil na TV Globo, disse que é “uma maluquice” uma pessoa com HIV engravidar. A declaração foi ao ar nesta última sexta, 7 de maio, na rádio CBN. Ativistas de luta contra a aids repudiam o comentário e dizem que é “inconcebível” uma afirmação como essa depois de 25 anos de história da epidemia.
“O Ministério da Saúde (MS) está estimulando agora pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o MS vá fazer uma cesária pela terceira vez numa mulher com HIV e se respingar sangue nele para ver o que vai acontecer. É uma maluquice, estão fazendo brincandeira com a saúde...", disse Garcia (confira na íntegra o áudio).
Os militantes do movimento de luta contra a aids protestam contra a declaração do comentarista. “É inconcebível observar como se aborda questões do HIV/Aids de forma preconceituosa, sem qualquer rigor científico, o que só favorece o aumento da discriminação às pessoas vivendo com HIV/aids”, critica Betinho, membro do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo.
Os ativistas discordam da declaração porque os atuais métodos de tratamento existentes contra o HIV podem garantir até 99% de chances de não transmissão do vírus para o bebê.
“Você fez um desserviço à profissão de jornalista e, pior, expressou uma visão anticientífica e infundada, que incentiva condutas discriminatórias e leva informações errôneas à população em geral”, diz o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, em carta aberta.
As declarações de Garcia foram ao ar na CBN quando o jornalista criticou também o programa de parto humanizado do Ministério da Saúde.
Nesta última semana, o governo divulgou que estuda desenvolver um plano para ajudar soropositivos a ter filhos e o fato ganhou grande destaque na mídia.
Mas, esta não é a primeira vez que o comentarista diz ser contra a gravidez em mulheres portadoras do HIV. Em 2008, opinou na TV Globo que “quem antes de uma gravidez se identificar como portadora do HIV, melhor que não engravide” - veja a repercussão do caso na época.
Redação da Agência de Notícias da Aids
para contrapor as besteiras da Globo, a voz da ciência. Ser mãe, um sonho possível
Por Naila Janilde Seabra Santos
Até o mês passado, a possibilidade de casais portadores de HIV/aids terem filhos era um sonho remoto.
Hoje, com a parceria firmada entre a Coordenação Estadual de DST/Aids-SP e o Centro de Reprodução Assistida em Situações Especiais (CRASE) da Faculdade de Medicina do ABC, e com apoio por cooperação técnica da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), este projeto poderá se tornar realidade.
O HIV acomete pessoas de todas as faixas etárias, e particularmente os adultos jovens, que se encontram no auge da vida reprodutiva.
Estudos demonstraram que a infecção pelo HIV não diminui o desejo reprodutivo das pessoas vivendo com HIV.
Os direitos reprodutivos e sexuais estão baseados na possibilidade de tomada de decisão livre e responsável sobre as questões relativas à sexualidade e reprodução humana apoiados nos direitos humanos, ou seja, a partir de uma perspectiva de igualdade e equidade sociais.
Assim, mulheres e homens, independente de sua condição sorológica para o HIV, devem ter acesso aos métodos de planejamento familiar e aos serviços de saúde reprodutiva.
As pessoas vivendo com HIV têm direito a uma decisão consciente sobre ter ou não ter filhos, e devem fazê-lo o mais informadas possível quanto à perspectiva de infecção de seus bebês e parceiros(as) soronegativos no momento da concepção, independente de orientações ideológicas, de qualquer ordem, dos profissionais de saúde. Assim, os serviços de saúde devem disponibilizar atendimento e orientação às pessoas no que diz respeito ao exercício de sua sexualidade e suas decisões reprodutivas.
A reprodução assistida para as pessoas vivendo com HIV garantirá uma redução de risco, sem riscos de infecção para o bebê e do(a) parceiro(a) soronegativo, no caso dos casais sorodiscordantes, ou sem risco de re-infecção para casais que ambos sejam soropositivos.
Em situações em que o homem tiver o HIV será proposta a técnica de lavagem do esperma, e posterior inseminação.
Caso a mulher seja soropositiva, ela será orientada sobre o melhor momento para engravidar. Se o homem for soronegativo, o casal terá a possibilidade de recorrer a inseminação artificial, com o esperma do parceiro.
Uma gravidez programada permite, além da escolha do melhor momento clínico, uma adequação dos antiretrovirais prescritos, considerando o esquema mais adequado para a paciente e para a profilaxia da transmissão vertical. Além da adequação da terapia antirretroviral, as outras medidas preconizadas para diminuir a chance de infecção do bebê, na gestação, no parto e no puerpério (fase pós parto) serão adotadas.
O Ambulatório de Reprodução Assistida do Centro de Referência e
Treinamento DST/Aids-SP, vinculado a Secretaria de Estado da Saúde-SP, funciona às quintas-feiras, a partir das 7h30.
Rua Santa Cruz, 81, Vila Mariana, São Paulo.
Telefone:(11) 5087 9889
(11) 5087 9889 /
(11) 5087 9889
(11) 5087 9889
Naila Janilde Seabra Santos trabalha para a área de prevenção e reprodução assistida no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo
1 comentários:
Alexandre Garcia chama Parto Humanizado de "Bobagem"
No dia 07/05/2010, Alexandre Garcia em entrevista à CBN demonstrou ser um
profundo desconhecedor dos benefícios do parto humanizado e do direito ao
acompanhante. A Rede Parto do Princípio redigiu um manifesto de repúdio a
mais esse desrespeito às mães brasileiras.
Leia aqui a Entrevista :
http://www.partodoprincipio.com.br/conteudo.php?src=alexandregarcia&ext=html
Leia aqui a Carta de Repúdio :
http://www.partodoprincipio.com.br/conteudo.php?src=cartarepudio&ext=html
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