sábado, 8 de maio de 2010
Ser mãe é...... padecer nas gaiolas da justiça
Neste dia das mães, histórias de mães.
Mães pobres, mães jovens, mães meninas, todos os tipos de mãe.
Histórias que comovem, por sua dramaticidade, mas que também nos alertam para as "injustiças" da justiça que não é só cega, mas também insensível, muito insesível.
Não afirmo nada sobre o tal "instinto maternal".Se é inato ou socialmente construído é uma discussão sem fim.
Mas, independente de que tese assumamos, uma coisa é inquestionável.
Sensibilidade é um sentimento humano.
Portanto se falta sensibilidade à justiça, falta-lhe humanidade.
Bem observado pelo blog do Brizola Neto, reproduzimos a postagem para homenagearmos todas as mães, todos os seres capazes de sentir amor por outro ser.
O mais famoso dos monumentais livros de Victor Hugo, Os Miseráveis, começa com a chegada de um ex-presidiário, Jean Valjean, à casa do bispo Myriel, que o acolhe. É um homem tão modesto que finge ser um simples cura de aldeia. Valjean rouba-lhe a única riqueza da casa modesta, dois candelabros de prata e foge, antes que o dia nasça. Preso pela milícia, é levado ao bispo. Mas este diz que não, que os candelabros foram um presente e não tinham sido furtados. Este gesto tranforma a vida de Valjean, que muda de nome e de cidade, sempre perseguido pelo Estado – personificado em Javert, o policial – mas que não muda mais de atitude: torna-se trabalhador, empresário e bom e generoso com seus semelhantes.
Lembrei-me disso ao ler ontem que o promotor de Justica pediu e o juiz de uma das varas de Infancia e Juventude concedeu a internação da menina J., que, totalmente transtornada com um aborto indesejado, levou um recém-nascido de uma maternidade paulista. J. tem 15 anos e todos os sinais de um grave transtorno psíquico.
Luana, a mãe da menina Isabela, aquela que mais poderia, justificadamente, ter ódio e desejar vinganca contra J. agiu como o bispo de Hugo: “eu perdôo, perdôo porque estou com minha filha. Sei a dor que senti naquelas horas (em que ficou sem seu bebê). Sei que foi essa a dor que ela deve ter sentido também. A minha dor já passou, a dela (J.), não.
Essa grandeza humana não tiveram o promotor e o juiz. Eles não gestaram, não pariram e não sofreram a dor de, logo depois do parto, verem seu bebê desaparecer, como passou Luana. Mas seus corações não tiveram um pedacinho da grandeza do dela. Poderiam ter enviado J. para um tratamento psiquiátrico. Podiam tê-la deixado sob a responsabilidade de uma instituição humanitária.Os pais e sogros fizeram-na devolver a criança e assumir o crime. Provaram ser capazes de levá-la ao caminho correto.Mas não. Mandaram J. para a Febem. Mandaram para o meio de outras adolescentes internadas por roubo, agressões, homicídios. Será que as internas vão entender que J. está com problemas psiquiátricos? Mesmo que não a agridam ou até a linchem como “sequestradora de bebês” , o que lhe vão ensinar?
Suas excelências, com o devido respeito, sao almas miúdas. São “engaioladores”. J. é de familia modesta, não tem grandes advogados como Daniel Dantas, e seu pai, entre lágrimas, foi procurar a defensoria pública. Ele e a mãe do rapaz de quem J. engravidara a fizeram devolver o bebê. Mas isso não diz nada para suas excelências. Nem eles dizem nada, por “segredo de Justiça”
Javert, no romance de Hugo, depois de perseguir Valjean durante décadas, concorda em deixá-lo solto para que possa salvar um rapaz, noivo de sua filha, nos combates da Paris revolucionária. O homem Javert, sob o policial implacável que simboliza o poder do Estado, é mais forte que o personagem por um instante generoso. Um instante de generosidade pelo qual nem ele mesmo se perdoa, atirando-se para a morte nas águas do Sena.
Quem nasceu para “engaiolador” jamais será um Myriel, muito menos um Valjean, nem sequer um Javert. Há muitos espíritos mesquinhos e maus, como os dos Thenadier, personagens do livro, que vivem sua miserável existência com o que lhes rendem as crianças pelas quais recebem para cuidar. Tweet
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