Míriam Hermes / Agência A Tarde
BOM JESUS DA LAPA (BA) – Candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra visitou a cidade de Bom Jesus da Lapa nesta sexta-feira, 6, no dia mais movimentado da romaria que este ano deve reunir cerca de 450 mil pessoas. Acompanhado do candidato a governador da Bahia pelo DEM, Paulo Souto e grande comitiva de políticos, Serra fez uma caminhada por ruas próximas ao santuário, justamente no horário que as pessoas aguardavam a passagem da procissão com a imagem do Bom Jesus, ponto alto dos festejos que tem 319 anos de tradição.
Na sua passagem, alguns romeiros mais radicais gritaram os nomes de Lula (e não de Dilma) e de Marina Silva (PV), deixando claro que não aprovaram a visita do candidato. Porém, ele foi simpático e, para desespero dos seus assessores que estavam contando os minutos para chegar ao santuário, várias vezes deixou a comitiva para falar com pessoas nas calçadas. “Fiquei surpresa, mas achei legal. Eu já tinha estado com eles (a comitiva) em Itabuna”, disse a advogada Ana Maria Muniz. Serra também entrou em uma farmácia, onde perguntou ao balconista Rafael Richard “se vendíamos muito genérico”, revelou o funcionário, que também disse não esperar por esta visita.
Apesar do plano de entrar no santuário de pedra calcária, a comitiva foi barrada pela administração do templo naquele horário, “porque foi dito que viriam às 16h, mas já são 16h45 e a procissão precisa sair”, disse enérgico o padre Casimiro Malolepszy. Serra polidamente acatou e saiu pela lateral, subindo pela escadaria da torre em estilo medieval construída ao lado da gruta, de onde acenou para os romeiros.
‘Agora é momento de oração’
“Acho que ele veio na hora errada, porque agora é um momento de oração e não de campanha política”, afirmou a romeira Maria Helena Pimentel, acrescentando que “um político deveria saber a hora certa de estar em cada lugar e esta não é a hora dele estar aqui porque está atrapalhando um evento que acontece de ano em ano”. Por outro lado, quando percebeu quem causava aquele alvoroço, o romeiro Alfredo Alcântara, se alegrou e fez questão de encostar e levar uma foto de recordação. “Vou levar para meu filho. Acho que ele vai gostar”, disse contente.
Serra que se disse católico, mas de pouca frequência a igreja, afirmou que iria pedir à Santa Rita (que não tem nenhum altar no local), “que me dê forças na presidência, para ajudar a juventude do Brasil”. Ele destacou duas preocupações fundamentais: o combate às drogas e o seu tratamento, “pois existem poucas iniciativas públicas neste sentido”, bem como a profissionalização técnica dos jovens “para que tenham acesso ao mercado de trabalho”.
Parceria
Ao criticar o sistema de escoamento da produção agrícola baiana “que no momento tem de sair pelos portos de Sauípe, Santos e Paranaguá, pois Salvador tem um dos piores portos do Brasil”, o candidato disse que planeja melhorar o sistema, para que a produção estadual seja exportada por um porto no próprio estado. Citou também as estradas e aeroportos, “porque a produção deve ser incentivada, dentre outras coisas, pela sua importância na geração de empregos”.
Também criticou a anunciada Ferrovia Leste Oeste, obra do PAC, que é apontada pelo governo do PT como solução para o escoamento da produção do oeste do estado. “Se falou muito, com excesso de propaganda, mas não houveram avanços. Vamos resolver as pendências ambientais, e fazer acontecer. Minha marca é tirar as coisas do papel”. Os recursos, disse, devem vir de uma parceria entre a União, o estado e a iniciativa privada.
Aproveitando o momento, o presidenciável do PSDB disse que pretende implementar projetos em locais de grandes romarias “como Bom Jesus da lapa, Aparecida do Norte (SP) e Juazeiro do Norte (CE), que precisam de ações para melhorar a estrutura e qualificar os moradores para melhore receber os romeiros. Não existe um programa nacional neste sentido”, alfinetou.
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