"A natureza não gosta muito de variações - nem as mamães, nem os professores, nem as regras sociais. (...) Por isso, educar consiste em dizer não milhares de vezes, lembra-se? É para restringir os movimentos da criança até que ela caiba em nossos moldes restritos e restritivos, para fazer dela uma pessoa "NORMAL", tão presa, medrosa e frustrada quanto quase todos nós, os "adultos", "maduros" e "normais". José Ângelo Gaiarsa
Conheci Gaiarsa quando esteve aqui em Araraquara-SP no ano de 1997, fazendo palestra dobrada para o magistério da rede pública estadual (empreendimento pioneiro envolvendo cerca de 500 professores, diretores de escola, coordenadores pedagógicos, assistentes técnicos da Oficina Pedagógica, vice-diretores de escola, supervisores de ensino).
Conheci Gaiarsa quando esteve aqui em Araraquara-SP no ano de 1997, fazendo palestra dobrada para o magistério da rede pública estadual (empreendimento pioneiro envolvendo cerca de 500 professores, diretores de escola, coordenadores pedagógicos, assistentes técnicos da Oficina Pedagógica, vice-diretores de escola, supervisores de ensino).
Já havia lido vários livros de sua autoria, mas a pessoa dele superou qualquer expectativa. Ia direto ao ponto e com voz suave perguntava sobre a origem dos problemas existenciais: "De quem é a culpa? É da mamãe! É da mamãe!" Inúmeros educadores se remexendo nas cadeiras, olhares furiosos. Como essa afirmação incomodava!
No almoço de que participamos ao final da palestra, que fora feita para dois grupos de participantes, tive a oportunidade de levar uma “cutucada” dele que me fez despertar do longo “sono” em que vivia. Foi o início de uma série de transformações que ocorreriam em minha vida pessoal.
Em seguida, supervisionei um projeto de sua autoria para professores- coordenadores da rede pública estadual, coordenado pela professora Toninha. Estive várias vezes em sua casa na Vila Madalena com a Toninha, para que Gaiarsa nos passasse as instruções. Nessas reuniões íamos nos dando conta de como trabalhar problemas existenciais.
Voltei a reencontrá-lo 5 anos atrás em outra palestra aqui em Araraquara. Como sempre brilhante e admirado diante da vida. Nessa época estava encantado com a informática. Mas a nota mesmo ocorreu quando ele comentou que não conhecia ninguém que fosse totalmente feliz no casamento. Ao que uma senhora na platéia dirigiu-se a ele e disse: "Eu sou!"
O que fez Gaiarsa? Olhou para ela com aquele olhar azul surpreso e comentou: "A senhora é a primeira pessoa em minha vida que ouço afirmar que sim."
Silêncio total. Eu estava sentada na primeira fileira junto de amigos. Nem eu e nem eles ousamos olhar para trás para ver quem era aquela senhora. Testemunhamos apenas o silêncio em silêncio.
Tive a honra de ler(no rascunho)e poder fazer sugestões para um artigo dele que seria enviado para um concurso em Berlim.
Polêmico, condenou a estrutura familiar clássica e apoiou abertamente, em redes de rádio e TV, a liberdade feminina já na década de 1960. Defendia o relacionamento aberto e questionava a idéia de a maternidade ser uma maravilha absoluta.
Para Gaiarsa, era a sujeira escondida embaixo do tapete da família a responsável pelas grandes neuroses do ser humano.
Gaiarsa foi mais um dos seres humanos maravilhosos que partiram desse planeta em 2010 e que marcaram profundamente minha existência. O outro foi Heleieth Yara Bongiovani Saffiotti .
No almoço de que participamos ao final da palestra, que fora feita para dois grupos de participantes, tive a oportunidade de levar uma “cutucada” dele que me fez despertar do longo “sono” em que vivia. Foi o início de uma série de transformações que ocorreriam em minha vida pessoal.
Em seguida, supervisionei um projeto de sua autoria para professores- coordenadores da rede pública estadual, coordenado pela professora Toninha. Estive várias vezes em sua casa na Vila Madalena com a Toninha, para que Gaiarsa nos passasse as instruções. Nessas reuniões íamos nos dando conta de como trabalhar problemas existenciais.
Voltei a reencontrá-lo 5 anos atrás em outra palestra aqui em Araraquara. Como sempre brilhante e admirado diante da vida. Nessa época estava encantado com a informática. Mas a nota mesmo ocorreu quando ele comentou que não conhecia ninguém que fosse totalmente feliz no casamento. Ao que uma senhora na platéia dirigiu-se a ele e disse: "Eu sou!"
O que fez Gaiarsa? Olhou para ela com aquele olhar azul surpreso e comentou: "A senhora é a primeira pessoa em minha vida que ouço afirmar que sim."
Silêncio total. Eu estava sentada na primeira fileira junto de amigos. Nem eu e nem eles ousamos olhar para trás para ver quem era aquela senhora. Testemunhamos apenas o silêncio em silêncio.
Tive a honra de ler(no rascunho)e poder fazer sugestões para um artigo dele que seria enviado para um concurso em Berlim.
Polêmico, condenou a estrutura familiar clássica e apoiou abertamente, em redes de rádio e TV, a liberdade feminina já na década de 1960. Defendia o relacionamento aberto e questionava a idéia de a maternidade ser uma maravilha absoluta.
Para Gaiarsa, era a sujeira escondida embaixo do tapete da família a responsável pelas grandes neuroses do ser humano.
Gaiarsa foi mais um dos seres humanos maravilhosos que partiram desse planeta em 2010 e que marcaram profundamente minha existência. O outro foi Heleieth Yara Bongiovani Saffiotti .
Sugiro uma olhada no blog abaixo onde há uma entrevista com o inesquecível Gaiarsa.
http://blog.controversia.com.br/2008/12/31/entrevista-com-jos-angelo-gaiarsa
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http://blog.controversia.com.br/2008/12/31/entrevista-com-jos-angelo-gaiarsa
3 comentários:
Resposta de Gaiarsa para um Chat
Como você vê a frase de Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego, "Nunca amamos alguém. Amamos simplesmente a idéia que fazemos de alguém. Em suma, amamos a nós mesmos"?
Gaiarsa
Eu não gosto desse pensamento. Uma outra frase parecida que se ouve muitas vezes é esta: "Se você não amar a si mesmo, você não consegue amar ao outro", mas eu não sei como eu faço para amar a mim mesmo e para mim é muito mais verdadeira a afirmação seguinte: eu só sei amar na exata medida em que fui amado. Levando avante esse pensamento eu diria que a mais alta atividade humana seria a cooperação entre as pessoas no sentido de aprendermos a nos amar. Esta implícito que ao meu ver os amores disponíveis são muito precários e precisamos começar a aprender a nos amar - se não, é bem capaz que a humanidade acabe, porque todos os meios para isso existem. O maior negócio do mundo é produzir armas, isto é, matar gente.
José Ângelo Gaiarsa foi o introdutor das técnicas corporais em psicoterapia no Brasil.
"Sabe quais são os seus dois preconceitos mais fortes? 'Eu não tenho preconceitos.' 'Preconceitos são coisa de gente ignorante, grossa, quadrada, reacionária, conservadora, careta, babaca...' Melhor dizer, meu amigo: cada um (cada família, cada grupo) tem seus preconceitos. É mais verdadeiro, mais humilde, mais humano e mais desumano."Gaiarsa
Gaiarsa:
"As mães são o maior partido conservador do planeta. As mães são o DNA da tradição social."-
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