Do Blog Nota de rodapé
Algumas semanas atrás escrevi aqui sobre frases infantis desconcertantes, frases que – ditas na simplicidade e na inocência das crianças – revelam, por vezes, grande sabedoria e inteligência.
Hoje quero escrever sobre frases que são ou se tornam inesquecíveis para muitos de nós, pois com certeza, em algum momento das nossas vidas lemos ou ouvimos frases que nos encantam, decepcionam, emocionam, enraivecem, divertem ou nos levam a reflexões menos ou mais profundas. Cada um terá as suas para contar. Eu selecionei algumas que me marcaram e gostaria de compartilhá-las com os amigos leitores.
A primeira delas vem de um grande comediante do cinema norte americano dos anos 30 e 40, Grouxo Marx, um dos famosos Irmãos Marx. Convidado para entrar num clube granfino de Nova Iorque (ou de Los Angeles, já não me lembro), deu a seguinte e genial resposta por carta:
“Agradeço o convite, mas jamais eu entraria para um clube que me aceitasse como sócio”.A segunda pertence a um famoso político brasileiro dos anos 50, o então deputado Carlos Lacerda, conhecido como ‘O Corvo’, por sua postura agourenta, reacionária e conspirativa, entre outras, contra o governo nacionalista de Getúlio Vargas. Discursava Lacerda no Congresso, quando foi aparteado por um colega com a seguinte frase: “Deputado Lacerda, o que o senhor acaba de dizer entra-me por um ouvido e sai pelo outro”. Esperto como era e rápido nas respostas, Lacerda não teve dúvida:
“Impossível, excelência, porque o som não se propaga no vácuo”.Brilhante resposta.
Henry Louis Mencken ou simplesmente H.L.Mencken, como assinava muitos de seus artigos no jornal Baltimore Sun, foi um jornalista e crítico de teatro nas primeiras décadas do século 20 nos Estados Unidos. Um livro sobre ele foi publicado no Brasil com tradução de Ruy Castro, um livro de leitura obrigatória, na minha modesta opinião: “O livro dos insultos de H.L.Mencken”. Mencken tem opinião sobre tudo e muitas delas transformaram-se em frases lapidares, irreverentes, demolidoras. Cito uma das mais inocentes:
“Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive”.Ulisses Guimarães, deputado formado na antiga têmpera do PSD, um dos ícones do atual PMDB e morto em desastre de helicóptero há alguns anos, era tido como grande orador. Realizava mais uma de suas campanhas eleitorais, quando no inflamado discurso que fazia, falando sobre os menos favorecidos na escala social, acrescentou esta pérola:
“Pobre neste país só sente o gosto de carne quando morde a própria língua”.Finalizo com a frase recente que ouvi de um escritor e jornalista norte americano, de nome Chris Hedges. Na entrevista que dava para um programa de televisão Hedges expressava sua decepção com a administração de Obama no seu primeiro ano de governo. O entrevistador, então, perguntou como ele entendia a entrega do Prêmio Nobel da Paz ao presidente dos EUA. Chris Hedges foi curto e grosso:
“Isso mostra que os EUA não têm o monopólio da estupidez!”. Brilhante.A todos um bom início de ano, agora que passou o carnaval...
Izaías Almada é escritor e dramaturgo e colunista do Nota de Rodapé. Tweet
0 comentários:
Postar um comentário