terça-feira, 22 de março de 2011

Solidariedade o ano todo

Solidariedade o ano todo


Leila Cordeiro



Diz o dicionário que a palavra “solidariedade” é usada, principalmente, “para designar um sentimento, ou a união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo”. Trocando em miúdos, ser solidário teria que fazer  parte do dia a dia de qualquer ser humano para ajudar a quem está precisando ou simplesmente ouvir seus problemas.

Mas o que se observa não é bem isso. As campanhas de solidariedade só se agigantam diante de uma grande catástrofe. Todas as vezes que a natureza resolve se enfurecer ou algum povo é massacrado por alguma guerra , atentado terrorista ou algo parecido, cidadãos de outros pontos do planeta se unem numa só voz para pedir socorro aos aflitos.

Mas, espera aí, porque a gente só percebe esses movimentos solidários diante de um grande motivo? Por que não vemos esse sentimento fluir na maioria das pessoas no dia a dia? Diante da tristeza de um vizinho que mal conhece? Do drama de alguém jogado nas ruas ao relento? Da fossa do bêbado abandonado pelo amigo ou pelo grande amor?

Por que as pessoas não são mais solidárias simplesmente,  sem motivo especial? Apenas para sentirem que estão cumprindo com alguma coisa maior dentro de si mesmas, o compromisso de serem pessoas melhores?  Evidentemente que há os bons samaritanos, aqueles que dão até a vida para ajudar os outros. Mas infelizmente esses não são a regra.

A solidariedade voluntária, aquela que vem de dentro da gente,  não tem preço e muito menos liquidação. Ela existe em cada um de nós, falta a conscientização dessa união de conceitos, deveres e sentimentos puros e desinteressados. Talvez esteja faltando é tempo para que as as pessoas pensem mais intimamente em coisas realmente importantes.

Não falo daquela solidariedade ensaiada que muita gente usa para se fazer de gente boa e ganhar espaço na mídia, e sim daquela silenciosa que não precisa de alarde para fazer efeito. O sentimento solidário de quem é realmente sincero e não quer usar da boa fé dos outros para posar bem na foto da sua própria consciência.

Talvez esteja faltando mesmo é espontaneidade nas pessoas. Vontade de ser alguém que separa momentos na sua vida  pra deixar de olhar para o próprio umbigo e reparar que existe um mundo, inclusive bem sofrido, à sua volta. Ninguém quer solidariedade de butique cultivada na futilidade de reuniões ditas beneficentes  mas que acabam não chegando a lugar nenhum, a não ser na própria vaidade de quem participa e bate no peito por isso.

Não se pode materializar a solidariedade, mas se pudesse acho que ela teria a  forma de um abraço, fraternal e descompromissado,  bem apertado, quando  então se trocam energias positivas um com o outro. Um abraço que, às vezes, vale mais do que um remédio nos momentos de tristeza e desespero, um gesto carinhoso que existe desde que o mundo é mundo, mas que normalmente não é usado sem motivo.

E foi inspirado nesse conceito que um grupo de ativistas pela paz promoveu,  numa cidade italiana,  o dia do abraço gratuito, ou seja, andaram pelas ruas por um dia inteiro oferecendo abraços às pessoas segurando cartazes onde diziam em vários idiomas, “Abraços de graça” e as reações você pode ver no vídeo abaixo.

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