sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando um sorriso emociona

Quando um sorriso emociona



Essa semana recebi um sorriso que me arrepiou e me emocionou.

A história começou no mês passado. Eu estava no gabinete da Orientação Educacional, onde trabalho, quando entrou uma mulher perguntando se eu poderia ajudá-la, orientá-la. Contou que a irmã tinha falecido, que os sobrinhos tinham optado por continuar morando com o padrasto.

Em fevereiro o padrasto acorrentou a enteada e estuprou. Ameaçava a garota e o irmão para que não o denunciasse. Os dois não tiveram medo e contaram para as tias, irmãs da mãe.

A primeira medida foi a denúncia policial, no momento ela estarva procurando uma escola para a sobrinha, já que a trouxe para Niterói, para dar mais segurança a sobrinha.

Dei as orientações de como ela deveria proceder para entrar com o processo de transferência, falei dos cursos que a escola que trabalho oferece e ela se foi e não mais retornou.

Essa semana, 2ª feira, a professora de Língua Portuguesa foi até a sala onde trabalho e perguntou se estava sabendo sobre a aluna L. S., assim descobri que a tia que falou comigo em fevereiro havia matriculado a sobrinha na escola e no curso que sou orientadora educacional.

Já conhecia a aluna, mas não a identificava com a aquela história de terror e machismo, cada vez que ia a sala que ela estuda saía me perguntando por que a L.S. tinha uma rosto tão triste e amargurado, sim, o destaque, em meio a 40 alunos e alunas, que eu via, era aquele rosto triste e amargurado para uma garota de 15 anos, que "normalmente" é cheio de vida e alegria.

Saí da sala da OE e fui procurá-la, quando chamei pelo nome dela, ela se assustou e me mostrou um rosto mais triste e mais preocupado, tipo, o que foi que  fiz para a minha OE estar me chamando?

Iniciei a conversa perguntando se tinha sido a tia que havia feito a matrícula dela na escola, no que prontamente ela respondeu que sim, segui conversando até tocar no assunto da violência sofrida por ela.

O rosto continuava triste e sofrido, então eu disse que ela não tinha porque se envergonhar, que ela não era a primeira e, infelizmente, não seria a última que passaria por uma ato machista e criminoso. Que a vergonha e o crime era do monstro que havia cometido tamanha violência.

Quando eu disse que estava ali para ela conversar comigo quando achasse que deveria, que eu gostaria muito de ajudá-la passar por esse momento triste e dolorido que ela estava passando, L.S. abriu um sorriso lindo, emocionante, que me dizia que bom que não estava sozinha e que não precisaria mais sentir vergonha.

Ontem a professora veio até mim e disse: Rosangela, o que você fez com a L.S.?

Ela mudou da água para o vinho, está outra garota, agora é uma adolescente mesmo, e o sorriso, Rô?

Ela tem um sorriso lindo.

1 comentários:

PAULO R. CEQUINEL disse...

Amiga e companheira:

Eu não acredito nisso de céu, ou paraíso, e coisas semelhantes mas, quando você chegar lá, fale de mim pros caras que mandam.
Tenho certeza que, se uma mulher lutadora e generosa como você pedir, eles me arranjam um cantinho, nem que seja junto com os cães.
Pude ver, daqui de Antonina, o sorriso dela.

Um grande, formidável e fraterno abraço.