sexta-feira, 6 de maio de 2011

A união civíl e o renascimento da esperança









A união civil e o renascimento da esperança

Ontem, uma batalha foi vencida, de uma guerra ancestral, injusta, imoral. Ontem, os 10 juízes do Supremo Tribunal Federal usaram a luz da razão e da Constituição para iluminar o caminho dos casais homoafetivos em sua busca por cidadania plena e por direitos humanos. E tudo isso, vejam bem, não por conta da decisão unânime de estender aos casais gays um direito que lhes é devido por justiça. Não por conta das argumentações brilhantes de cada um deles, ao justificar seus votos favoráveis à decisão, respondendo a cada argumento de ódio, intolerância e fanatismo religioso com amor, respeito à diversidade e laicidade. Não, isso tudo era justo, era esperado, tinha de ser.

Ontem, os 10 ministros do STF marcaram a trajetória dos homoafetivos do Brasil, em uma decisão emblemática e histórica. Ontem, eles decidiram pela justiça ante a injustiça, pela humanidade ante a marginalidade, pela racionalidade ante a ignorância fanática. Abriram a porta de um mundo mais democrático, justo e igualitário a um grupo de pessoas marginalizadas pela lei, violentadas nas ruas, humilhadas dentro de casa. Mais do que permitir a união de casais do mesmo sexo, a decisão do dia 05 de maio de 2011 deu aos LGBTs deste país, esperança.

Esperança de acreditar que amanhã outras dezenas de decisões serão tomadas, e de que ele, gay, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, trangêneros, heterossexuais, e toda a sorte de gente com toda a sorte de orientação sexual que haja neste país tenham direitos, deveres e oportunidades iguais. Esperança de em um futuro breve poder sair de casa de cabeça erguida, sem temer que esta seja atingida por uma lâmpada, taco de basebol, faca ou qualquer outro instrumento de ódio e preconceito. De poder ir a escola ser chamado de ‘viadinho’ ou coisa que o valha, que ofenda, humilhe e violente psicologicamente jovens gays. De poder ser contratado em empresas por sua competência e não por conta de sua orientação sexual. De poder ter, enfim, dignidade.

Esperança de ver surgir no horizonte um freio aos desmandos de meia dúzia de fanáticos religiosos que querem impor seus códigos morais sobre toda a sociedade, sem ao menos pensar se tem o direito de fazer isto. Esperança em ver que o Brasil ainda respeita sua Constituição, que dá a liberdade de crença a cada brasileiro, pra que este viva sua religião e os códigos morais que esta os sugere e que deixe quem tem visões diferentes do mundo viver de forma digna.

Hoje, o Brasil acordou mais diverso, mais tolerante, mais humano. Se não temos todos os direitos que merecemos, ao menos, temos a esperança de ver um sonho tão simples, o de ser igual na diversidade, como realidade. Se não temos o respeito que merecemos, voltamos a ter ao menos esperança. Que venha o amanhã.

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