domingo, 12 de junho de 2011

Vadias protestam contra o machismo

Vadias protestam contra o machismo


Tatiana Nascimento e Mariana Lôbo - DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
São poucas usando meia arrastão. São muitas empunhando cartazes. Mas todas, sem exceção, marcham pelo mesmo objetivo: mostrar que, independente do que veste, a mulher não pode ser vítima de abuso por parte dos homens. A versão recifense da Marcha das Vadiasganhou as ruas da capital pernambucana neste sábado reunindo mulheres de todas as idades. E homens também.
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Tatiana Nascimento/DP/D.A Press
A concentração das “vadias” começou na Praça do Derby por volta das 15h. A cineasta Luci Alcântara - ganhadora de dois troféus no último Cine PE com o filme JMB, o Famigerado - foi uma das primeiras a chegar. “Este é um ato importante para mostrar que a gente tem o direito de usar o que quiser, quando bem quiser. Isso não pode ser motivo para abuso ou agressão. É inaceitável”.
A cineasta não usou roupas provocantes. Foi vestida “dela mesma”, como a maior parte das manifestantes. E como os outros participantes da marcha, Luci recebeu o convite pela rede social Facebook. O organizador da manifestação (sim, um homem), o estudante de ciências sociais Pedro Jesus, disse que a mobilização começou a ser feita no último dia 4, logo após a realização da Marcha das Vadias em São Paulo.
marcha-recife-cartazes2011“É importante discutir o assunto aqui em Pernambuco, onde é alto o índice de violência contra as mulheres”, disse Pedro. Já a professora de sociologia da UFPE Cynthia Hamlin lembrou que a manifestação usa a “política da ironia”. “Os sentidos devem ser abertos. A ideia do uso da ironia é pegar um significado fixo, no caso a palavra vadia, e desconstruir este significado”.
Ainda na concentração, o grupo de teatro As Loucas de Pedra Lilás fez diversas performances contra o machismo. Além disso, empunhavam cartazes com dizeres como “Jesus ama as vadias” e “Somos todas camareiras”, este último fazendo menção ao episódio envolvendo o ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, acusado de agressão sexual contra uma camareira.
Marcha das Vadias (SlutWalk, em inglês) surgiu no Canadá, após o policial de Toronto Michael Sanguinetti afirmar em uma palestra que as mulheres deveriam parar de usar “roupas de vadia” para evitar estupros. A afirmação do oficial, em janeiro deste ano, ocorreu depois de diversos casos de abuso sexual em mulheres no campus da universidade local.
“É a tentativa de culpabilizar a vítima”, comentou a professora Cythia Hamlin. O policial do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) Adam Monte, que com outros policiais cuidava da segurança da manifestação, concordou. “A declaração do policial foi infeliz. Não é porque a mulher usa uma determinada roupa que ela pode ser chamada de vadia ou abusada. Ainda mais no Brasil, que tem o carnaval e tudo.”
A primeira SlutWalk levou três mil pessoas às ruas de Toronto, motivando também organizações em Amsterdã, Los Angeles, Chicago, Buenos Aires. No Brasil, as manifestações começaram por São Paulo. Da Praça do Derby, a Marcha das Vadias recifense partiu em direção ao Marco Zero.

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