E na paulistéia desvairada o preconceito, a homofobia, a intolerância corre à passos extremamente ignorantes, porque será que eu não estranho?
Extrema direita universitária se alia a skinheads
Jovens estudantes neo-conservadores fogem ao estereotipo de arruaceiros mas defendem ação violenta das gangues
Nara Alves e Ricardo Galhardo, iG São Paulo
Eles não são fortões, não lutam artes marciais, não usam tatuagens com suásticas e preferem os livros e computadores às facas e socos ingleses. Em vez de estações de metrô e shows de punk rock, seu habitat natural são as quitinetes apertadas do Crusp ou os vastos gramados da USP (Universidade de São Paulo). Eles são os neoconservadores, jovens universitários que defendem valores como o direito à propriedade e a fidelidade matrimonial.
À primeira vista, parecem mais universitários comuns, magricelas, com suas calças largas, camisetas amarrotadas e a barba por fazer. Mas apesar de estarem longe do estereotipo do jovem arruaceiro, cerraram fileiras ao lado de skinheads musculosos nas marchas em defesa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e na anti-Marcha da Maconha.
“Estamos aqui para batalhar tanto intelectualmente quanto fisicamente”, apregoa Celso Zanaro, 22 anos, estudante de Geografia da USP. “O que precisamos é de homens dispostos a morrer por seus valores”, completou.
Zanaro é um dos quatro integrantes do núcleo duro da União Conservadora Cristã (UCC), organização criada em julho do ano passado nos corredores da USP com os objetivos declarados de defender valores como o casamento, a fidelidade conjugal, direito à propriedade e combater o predomínio do pensamento marxista no meio acadêmico e político.
Pouco mais de um ano depois da criação, a UCC conta com 16 membros, 14 da USP e dois da Unicamp. Parece pouco mas nas eleições para o diretório central da USP, os neoconservadores ficaram em 5º lugar entre as dez chapas concorrentes.
“Na época da campanha fomos procurados pela juventude do PSDB mas não dá para fazer aliança aqui dentro”, disse Zanaro.
Em mais de duas horas de conversa, entre um cigarro e outro, o estudante citou pelo menos 15 autores conservadores, muitos deles nunca traduzidos para o português. Mas as principais referências do grupo são o jornalista Olavo de Carvalho (que defende a pena de morte para os comunistas), o integralismo (versão brasileira do nazismo) de Plínio Salgado e o ultra-conservadorismo de Plínio Correia de Oliveira, fundador da extinta TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade).
Sobre a ditadura militar, Zanaro diz: “Se negarmos com veemência a ditadura não estaremos fazendo nada a mais do que reforçar o discurso comunista. A ditadura foi necessária num contexto”.
Na verdade, ele lamenta a falta de pulso do comando atual das Forças Armadas por não intervir no governo Luiz Inácio Lula da Silva durante o escândalo do mensalão.
“A função das Forças Armadas é respaldar as instituições democráticas. O Legislativo é uma delas. A partir do momento em que existiu um esquema para comprar o Legislativo e as Forças Armadas não depuseram o presidente, elas não cumpriram seu papel”.
Para os jovens da UCC, a USP é um antro comunista, nenhum partido político é suficientemente conservador, a pedofilia na Igreja é fruto da infiltração de agentes da KGB, o sexo é uma forma de idiotização da juventude, Geraldo Alckmin colocou uma mordaça gay na sociedade paulista, Fernando Henrique Cardoso foi o criador de Lula e Lula é o próprio anticristo.
Embora tenha resistido à abordagem da juventude tucana, a UCC votou em massa em José Serra nas eleições presidenciais do ano passado, mas com ressalvas. “Serra é um sujeito que, embora tenha se aliado a setores conservadores e renegado uma postura mais virulenta de esquerda, não abandonou totalmente estes ideais”, justificou.
Os integrantes da UCC dizem ser contra qualquer tipo de violência mas não escondem a admiração pelos skinheads, aliados de ocasião. “Essa postura de combate me inspira muito. Uma inteligência que não está disposta ao combate é uma inteligência vazia”, disse Zanaro que, no entanto, faz questão de demarcar o território. “Eles se dizem de extrema-direita mas o líder deles é vegetariano”.
A aproximação tem base na argumentação ideológica dos neoconservadores, segundo a qual é necessária uma elite intelectual que sirva de referência para a massa. “Uma massa conservadora sem uma elite é uma massa de manobra. Não existe educação para as massas. Precisamos de uma alta cultura que sirva de referência para estas massas”, disse Zanaro.
Apesar da aproximação com grupos que, no limite, praticam a intolerância contra minorias, o líder da UCC esclarece que o movimento não tem ligações como nazismo. “Não somos neonazistas. Ao contrário. Defendemos o estado de Israel”.
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5 comentários:
Gostei do cartaz, mas não reconheci todos os meus ídolos.
Quero adorar a todos, sem exceção. Alguém me ajuda?
Marx, Engels, Lenin, Trotksy, (???), FHC, Gramsci, (???), Chavez, Dilma, Hitler, Ahmadinejad, Obama, Mao, Fidel, Che, (???), Lula, Chico e (???).
O último é o Richard Dawkins
Isso me lembra meus tempos de ginásio... uns 15 anos atrás.
Minha colega tinha um namorada muito, muito chato. Ela tinha uns 13 anos e ele, uns 19 - já começou bem, né?
Além de chato, era ridiculamente ciumento. Uma vez, ele ME parou na saída da aula para perguntar sobre outros caras com quem ela já tinha saído (eu dei uma resposta tipo "se vc quer saber da vida dela, pergunta pra ela e não pra mim" e fui embora).
Depois que eles terminaram, ele começou a mandar cartas e e-mails bizarros, com uns textos fundamentalistas sem sentido, falando da bíblia e não sei o que mais. Deu medo.
Ah, ele era da Poli.
Quem são esses canalhas neonazis que "protestam" livremente - http://vimeo.com/23776230
"os “jovens de extrema direita” referidos na segunda sentença não são os skinheads mencionados na primeira. Só parecem que o são porque o parágrafo foi redigido de maneira propositadamente nebulosa para dar essa impressão. Quando você lê o restante da matéria, verifica que os jovens cujas declarações o IG reproduz não são os skinheads, e sim apenas os militantes estudantis da União Conservadora Cristã e da Resistência Nacionalista, que eu não conhecia até agora e que a própria reportagem do IG, mais adiante, confessa não serem skinheads de maneira alguma. Do começo ao fim da matéria, nenhum, absolutamente nenhum skinhead aparece dizendo que recebeu orientação teórica nem mesmo remotamente vinda da minha pessoa. Mas, quando o leitor chega lá, a má impressão já ficou: o Olavo é o inspirador dos skinheads, e ponto final.
Isso não é jornalismo. É crime de calúnia e difamação. Crime ardiloso, premeditado, construído mediante uma trucagem gramatical que maliciosamente confunde os sujeitos de duas frases para ludibriar o leitor e sujar a reputação de um inocente.
O pior de tudo é que a coisa vem inserida no curso de uma reportagem sobre o assassinato de um punk por skinheads, de modo a me fazer parecer não só inspirador de arruaceiros, mas de assassinos.
É o truque difamatório mais tosco e mais sujo que já vi em quatro décadas de jornalismo. A artimanha é pueril, mas funciona para toda uma classe de leitores sem experiência jornalística ou senso lógico apurado, que não conferem o fim da matéria com o seu começo.
Gente como Alves e Galhardo deveria ser expelida da profissão jornalística a pontapés."
Olavo de Carvalho no jornal Diário do Comércio, 29/09/11.
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