O novo vexame de Obama
Paulo Moreira Leite na Época
Antecipando uma reportagem que será publicada na segunda feira pela revista Newsweek, o site The Daily Beast faz uma revelação espantosa, hoje.
Ao mesmo tempo em que fazia pressões públicas para Israel suspender a construção de assentamentos nos territórios palestinos, o presidente Barack Obama fazia negociações secretas para a venda de armas para o governo israelense.
De acordo com a revista, um dos principais negócios envolveu a venda 55 bombas penetrantes, conhecidas como “destruidoras de bunkers”. A venda foi solicitada por Israel em 2005 e autorizada pela administração George W. Bush mas só efetivada após a posse de Obama. Estas armas podem ser usadas para destruir arsenais de foguetes do grupo armado Hamas e também do Hezbollah. Também podem ser dirigidos aos arsenais do Irã , principal adversário israelense na região. Enquanto fingia trabalhar pela paz, na verdade Obama reforçava os arsenais de um dos lados em conflito.
Divulgada no mesmo dia da apresentação do pedido de reconhecimento do Estado Palestino pela ONU, a denuncia contribui um pouco mais para diminuir a credibilidade de Obama. Ele já havia antecipado que seu governo irá vetar o pedido de reconhecimento. Mas fez o possível para revestir a decisão com argumentos nobres. A revelação sobre vendas secretas de armas mostra que o governo israelense jamais foi pressionado de verdade a rever sua politica de ocupação de territórios ocupados.
Conforme um deputado citado na reportagem, Obama não só autorizou vendas de armas que George W. Bush preferiu não entregar mas também ordenou um reforço na cooperação militar com Israel.
Constrangedor sob qualquer aspecto, o episódio revela uma questão delicadíssima da política americana, que é a força dos lobistas privados para influenciar as decisões de governo e assumir um papel decisivo mesmo em assuntos de política externa. Sem acesso aos cofres bilionários da elite americana, que tem compromissos históricos com os republicanos, o Partido Democrata tornou-se dependente de outras clientelas.
Segundo estimativa do Washington Post, nada menos que 60% das verbas dos candidatos presidencias do partido Democrata tem sua origem em aliados de Israel. A partir das descobertas feitas pela Newsweek, fica mais fácil entender o empenho de Obama para fazer um teatrinho de estadista consciencioso em público para promover acertos vergonhosos nos bastidores.
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