sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Série: Escândalos de que governo? – Casos Pinheiro Landim e Celso Daniel

Série: Escândalos de que governo? – Casos Pinheiro Landim e Celso Daniel


QTMD?

Começamos a publicar a série AQUI


Abaixo, seguem as duas primeiras análises de Raul LongoAna Helena Tavares. .

O ex-deputado Pinheiro Landim é raposa velha na política Foto: Joedson Alves / AE
1- Caso Pinheiro Landim
Francisco Pinheiro Landim, político do PMDB, tem uma história política muito anterior ao governo Lula. Foi vereador de Fortaleza entre 1966 e1970. Presidente da Assembleia do Ceará em 1990, 1994, 1998 e 2002, último ano do governo FHC, quando Landim foi acusado de envolvimento com o narcotráfico. Só se viu obrigado a renunciar ao mandato em 2003, primeiro ano do governo Lula.
Nossa conclusão: um governo que permite a livre investigação de ligações de políticos com o crime organizado, demonstra probidade e eficácia no combate à corrupção.

Celso Daniel certamente comporia o ministério de Lula, caso não fosse assassinado Foto: Carlos Pupo / AE
2- Caso Celso Daniel
Além de dirigente do PT, Celso Augusto Daniel era um dos principais articuladores da campanha política de Lula à presidência.
Não foi o  único político do PT assassinado em razão de investigações de formação de quadrilhas políticas ou não-políticas de corrupção.
Na mesma época do assassinato de Celso Daniel, outros petistas foram executados e violentados. Confira maiores detalhes no link abaixo:
Ainda hoje, se tenta imputar ao próprio PT a autoria dos crimes cometidos contra o PT. No caso de Celso Daniel, as investigações da polícia do Estado de São Paulo e as conclusões da justiça do Estado de São Paulo — governado pelo PSDB desde 1995 — concluíram que o crime foi comum. No entanto, 15 testemunhas chaves foram igualmente eliminadas. Também destas mortes se acusa o PT.
O ex-deputado Roberto Jefferson do PTB reafirmou a acusação de que a morte do petista teria sido promovida pelo PT, resgatando suspeitas de que o deputado petista José Dirceu houvesse sido o mandante.
Chamado a depor em uma das CPIs que investigavam as denúncias de Jefferson, João Francisco Daniel, político do mesmo partido de Jefferson e irmão de Celso, confirmou a versão, afirmando que o irmão teria elaborado um dossiê sobre a Prefeitura de Sto. André, no qual Dirceu estaria arrolado.
Apesar de irmãos, João Francisco e Celso Daniel eram rompidos política e pessoalmente há muitos anos. Outro detalhe para análise é que o antecessor de Celso Daniel na prefeitura de Santo André, Newton Brandão, era do PSDB. Estes dois dados nos levam a algumas conclusões:
1 – Se o antecessor de Celso era integrante do partido de oposição ao PT, por lógica não haveria elementos do PT participando em esquemas de corrupção na anterior administração. Daí se conclui que o  suposto dossiê não poderia indicar participações de petistas na administração anterior. Portanto, na hipótese apresentada por João Francisco, o irmão haveria montado um dossiê sobre a própria administração. No mínimo estranho, mas considerando a possibilidade, se chega a uma segunda questão.
2 – Se Celso rompera há tantos anos com o irmão por incompatibilidades pessoais e políticas, por que procuraria exatamente a esse irmão para confidenciar sobre um dossiê de acusações a integrantes de seu próprio partido, um dos motivos do rompimento familiar?
Por fim, se Celso Daniel era homem de confiança de Lula, e Lula, vitalício presidente de honra do PT, porque ao invés do irmão não procurou ao amigo de muitos anos?
Provavelmente, esses raciocínios elementares foram arguidos pelos juízes da Justiça do Estado de São Paulo que julgaram o processo aberto por José Dirceu contra João Francisco por calúnia e difamação, mas se o fizeram não se basearam apenas no elementar. Watsons e Sherlocks da Polícia do Estado de São Paulo foram reconvocados e reabriu-se as investigações que novamente concluíram ter se tratado de crime comum, apesar dos indícios de crime político.
Ainda que não se possa afirmar que o seja, preserva-se o direito de cogitar, mas na possibilidade de ter sido um crime político, em que se baseia a suspeita de que o crime tenha sido praticado pelo PT ou de que as investigações de Celso Daniel recaíssem sobre o PT? Apenas em declarações de alguns proprietários de empresas de ônibus e coleta de lixo.
Por que o governo do PSDB de São Paulo, com sua polícia e justiça não comprova que esses empresários seriam achacados pelo PT, mesmo que num esquema do qual o prefeito não faria parte, já que o investigava?
Se não achacados, mas coniventes, por que as declarações desses empresários geram suspeitas sobre aqueles aos quais seriam coniventes?
Por que sequer se cogita a possibilidade de que o esquema de corrupção investigado por Celso Daniel, possa ter sido uma conivência entre esses mesmos empresários e seu antecessor do PSDB?
Quando não há perguntas, não existem respostas, mas a resposta de que a morte de Celso Daniel é um escândalo do governo Lula não procede, pois o crime ocorreu em janeiro de 2002, portanto foram os governos FHC e do PSDB de São Paulo que não conseguiram apresentar uma resposta convincente.
João Francisco Daniel foi condenado pela Justiça do Estado de São Paulo a pagar indenização a José Dirceu por calúnia e injúria. Dirceu perdoou a indenização em troca de uma retratação pública, mas a falta de elucidação convincente do caso se consiste em indício de, no mínimo, inapetência e incompetência do PSDB para tratar de questões dessa ordem. E o esforço para imputar ao PT ou ao governo Lula o assassinato de Celso Daniel que comporia seu ministério se não o houvessem matado, só reforça outros indícios que não pretendemos cogitar aqui para não imitarmos o autor desta lista ou os que a distribuem. Não nos satisfazemos com ilações infundadas, nem mesmo quando sugeridas por nossa própria percepção das evidências.

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