Urariano Mota - Recife
Recife (PE) - José
Anselmo dos Santos, ou Daniel, ou Jadiel, ou Jônatas... ou mais
simplesmente Cabo Anselmo, se apresentou no Roda Viva na última segunda-feira.
Como já se esperava, ele esteve muito à vontade, porque os entrevistadores não
pesquisaram a história dos seus crimes, e se fizeram esse indispensável dever,
não quiseram levá-lo às cordas, para confrontar as suas esquivas com os
depoimentos de testemunhas de 1973, ano das execuções de 6 militantes
socialistas no Recife.
O
momento mais acintoso foi quando ele se referiu à sua mulher, Soeldad Barrett,
e dela retirou a gravidez, para se isentar de um hediondo crime, que cai como
um acréscimo à traição de entregá-la para a morte. Observem-no aqui neste
momento, ( Veja o vídeo ) a
partir do minuto 22.05 até 22.42.
Transcrevo:
“Cabo
Anselmo - A Soledad usava DIU, desde que fez um aborto aqui em São Paulo,
antes da ida para o Recife.
Entrevistador
- O senhor contesta a gravidez da
Soledad?
Cabo
Anselmo - Como?
Entrevistador
- O senhor contesta que ela estivesse grávida, como a versão
histórica ...
Cabo
Anselmo - Se eu acreditar, como dizem os médicos, que o DIU era o mais
seguro dos preservativos, eu contesto, sim.
Entrevistador
- Então o feto encontrado lá não era dela?
Cabo
Anselmo - Eu imagino que seria da Pauline. A Pauline estava grávida,
inclusive teve problema de gravidez, e Soledad a levou até o
médico.”
Não vem
ao caso agora observar que ele ganha tempo para responder, quando finge não
ouvir bem e pergunta “Como?”. Importa mais agora confrontá-lo com três
depoimentos históricos. No primeiro deles, e mais impressionante, a advogada
Mércia Albuquerque assim declarou na Secretaria de Justiça de Pernambuco, em
1996:
“Soledad
estava com os olhos muito abertos com expressão muito grande de terror, a boca
estava entreaberta e o que mais me impressionou foi o sangue coagulado em
grande quantidade que estava, eu tenho a impressão que ela foi morta e ficou
algum tempo deitada e a trouxeram, e o sangue quando coagulou ficou preso nas
pernas porque era uma quantidade grande e o feto estava lá nos pés dela, não
posso saber como foi parar ali ou se foi ali mesmo no necrotério que ele caiu,
que ele nasceu, naquele horror”.
No
segundo deles, a dona da butique em Boa Viagem, onde foram presas Soledad e
Pauline , lembra que em 1973 Soledad lhe dissera que iria viajar para rever a
única filha, antes de dar à luz, porque estava grávida. Isso foi falado à
testemunha dias antes da execução dos socialistas em janeiro, numa
conversa íntima entre mulheres. Soledad estaria louca ou a dona da butique
estaria inventando histórias? E agora, por fim, prestem bem atenção no
que lembra um professor de história do Recife: Soledad e Anselmo foram vistos
na Rua das Calçadas, no Recife, a comprar roupinhas de bebê.
Que lindo e
canalha, não? Será que estariam então todos enganados a fantasiar a
gravidez de Soledad, somente para incriminar o pobre Anselmo?
Ontem
no Roda Viva o Cabo Anselmo cometeu a sua mais escabrosa mentira. Transferiu a
gravidez da mulher para outra morta. E todos os repórteres, entrevistadores,
apresentador calaram diante da eloqüência do velho traidor. O DIU, dizem os
médicos, tem apenas 0,1% de falha. Já um agente duplo nunca nega fogo: é 100 %
mentiroso.
0 comentários:
Postar um comentário