Ana Cláudia Barros no TerraMagazine
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) divulgou nota de repúdio ao que classificou de "ameaças do pastor Silas Malafaia" dirigidas a Toni Reis, presidente da entidade. Malafaia chamou Reis de "bandido" e "safado" e declarou que iria "arrombar", "arrebentar" o representante da ABGLT. As declarações foram feitas à revista Época, na última quinta-feira (10).
O termo "fornicar", atribuído ao membro da Igreja Vitória em Cristo na entrevista, foi refutado posteriormente por ele, que alegou ter dito "funicar" - palavra não dicionarizada -, no sentido de "ferrar". O assunto virou mote de piadas e ganhou repercussão entre internautas, figurando entre os temas mais comentados do Twitter Brasil.
Na nota, o presidente da ABGLT informa que solicitou ao Ministério Público providências em relação às declarações de Malafaia à revista. Durante a entrevista, o pastor acusou Toni Reis de manipular um vídeo com um trecho de seu programa religioso na TV, suprimindo parte da gravação, o que, segundo ele, colocou sua fala fora do contexto.
Reis havia encaminhado o vídeo ao Ministério das Comunicações e à procuradora geral dos Direitos do Cidadão, Gilda Carvalho, sob o argumento de que a ABGLT recebera "diversas denúncias sobre a veiculação, em rede de televisão, que funciona por meio de concessão pública, da incitação da violência à população LGBT por parte do Pastor Silas Malafaia, no qual o pastor afirma que é preciso baixar o porrete em cima, para os caras aprender (sic) a vergonha". As imagens foram vinculadas a uma reportagem sobre agressões sofridas por um um casal gay na avenida Paulista, em São Paulo. Malafaia, por sua vez, negou ter incentivado a violência à população LGBT, alegando, na entrevista à revista, que falava, na verdade, sobre a ridicularização, de acordo com ele, de símbolos católicos na Parada Gay de São Paulo, por parte de um grupo de homossexuais.
Confira a nota da ABGLT na íntegra.
Em entrevista à revista Época, da edição do dia 10/11/2011, o pastor Silas Malafaia voltou a atacar o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e, em particular, o presidente da entidade Toni Reis.
Com palavras agressivas, denotadas pelo ódio, de baixo calão, absolutamente inadequadas para um líder religioso, o pastor ameaça Toni Reis dizendo "vou arrebentar Toni Reis" ... "Vou funicar (sic) esse bandido, esse safado", o que se caracteriza numa atitude de intimidação, coerção e violência.
Essa reação descabida mostra que a ABGLT está no caminho certo ao pedir às autoridades competentes, em especial o Ministério Público, que avaliem a legalidade da permanência no ar do programa Vitória em Cristo, comandado por Malafaias.
É notória a incitação da violência contra homossexuais perpetrada por Silas Malafaia em seu programa televisivo. Boa parte de suas intervenções extrapolam o limite razoável, porque constituem-se em violações dos direitos humanos, notadamente os princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana e do pluralismo.
A liberdade de expressão e a liberdade religiosa devem ser respeitadas. Porém, não devem estar acima dos demais direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal. Canais de televisão são concessões públicas. Não podem dar guarida a conteúdos discriminatórios.
O que o pastor Malafaia faz é agredir milhões de brasileiros, desqualificar seus estilos de vidas, seu modo de amar, sua afetividade e sexualidade. Trata-se de uma verdadeira cruzada que destila ódio.
Discursos discriminatórios são dispositivos que alimentam cada agressão homofóbica, cada assassinato, cada violação de direitos que acontece no Brasil. Chega de violência, chega de homofobia. Nosso total repúdio a Silas Malafaia e nosso total apoio a Toni Reis, ativista com longa trajetória em defesa dos direitos humanos no Brasil.
A ABGLT já solicitou ao Ministério Público providências em relação às ameaças feitas por Malafaias na entrevista à revista Época.
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, foi criada em 31 de janeiro de 1995, com 31 grupos fundadores. Hoje a ABGLT é uma rede nacional de 257 organizações afiliadas. É a maior rede LGBT na América Latina. A ABGLT tem status consultivo no Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da ONU. A missão da ABGLT é Promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero.
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