Quando um governador e um prefeito não aprendem nada – mesmo repetindo seus mandatos várias vezes – e apelam para a violência dos limitados mentais a cada situação crítica, acabam contaminando todos os escalões de seu governo com sua inépcia. Por isso o policial que perdeu a cabeça e partiu para agressão ao estudante durante o ataque de Alckmin à USP não é totalmente responsável por seus atos. Tivesse a corporação desse policial o comando de um governador realmente capaz de enfrentar os desafios com a responsabilidade e o bom senso que seu cargo exige, seus subordinados não cometeriam aquele abuso de autoridade (veja o vídeo da agressãoaqui).
Nem é o caso aqui de colocarmos todo o PSDB ou DEM na mesma panela de Serra, Alckmin e Kassab. Mafiosos encravados há vários mandatos no comando de São Paulo, estes três possuem identidade diferenciada no leque da direita brasileira. O limite deles é o mesmo de um estuprador, de um agressor de namorada, esposa ou de um zagueiro pé-de-cabra. Frequentemente apelam para truculência contra o povo que reivindica ou protesta, mesmo que pacificamente. Outro dia, em seu meio-mandato rumo à derrota de 2010, lá estava José Serra dando porrada nos professores da rede pública em plena Avenida Paulista. Em seguida, Kassab que mal havia assumido a prefeitura, foi gravado pelas câmeras de TV insultando, aos berros, um cidadão que reclamava do péssimo atendimento da saúde em São Paulo (veja o vídeo aqui). Ainda no início de seu mandato, seus caminhões pipa dirigiam os jatos de água sobre os catadores de lixo reciclável e suas carroças enquanto dormiam durante a lavagem noturna das ruas do centro. Desde aquela época, sua gestão higienista visa escorraçar gente que “destoa” para a periferia. —>
Hoje, Alckmin é o valentão que ataca os doentes da Cracolândia, os alunos da USP, o povo que reclama dos aumentos abusivos das passagens de ônibus… Mas em seu mandato anterior, foi ele quem apanhou do PCC e se rendeu aos seus chefes miando fino e fazendo concessões em acordo secreto depois de assistir por duas longas semanas a cidade sendo transformada em praça de guerra e vários de seus policiais sendo assassinados.
Não é por outro motivo – senão o desprezo e a segregação racial contra a população que mora fora das áreas nobres da cidade e na periferia – que São Paulo vê surgirem repetidas agressões a gays, nordestinos, moradores de rua e outras minorias. Assim como não é por outra razão que brotam nas redes sociais jovens destilando racismo e xenofobia, somando centenas de seguidores. Fascista potencial, escondido em seu anonimato, só precisa de um estímulo para desentocar e “desabrochar” seus instintos. Guardadas as devidas proporções, a metodologia de Serra, Alckmin e Kassab não fica a dever nada a Hitler.
De tão viciados no eterno troca-troca em famíglia, muitos setores dos seus governos andam por conta própria. As empreiteiras – irmãs de sangue de Maluf e amigas íntimas de Kassab e Alckmin – deleitam-se há vários mandatos no baile financeiro blindado das obras inúteis como o Rodoanel, duplicação das marginais ou a ponte estaiada sobre o Rio Tietê. Mesmo privilegiando o transporte individual, não conseguem dar vazão ao trânsito caótico de uma São Paulo que só consegue respirar em feriados prolongados. Para o povão, constroem 1 km/ano de metrô mantendo-os enlatados na ida e volta ao trabalho além de cobrarem as passagens mais caras do Brasil nos ônibus igualmente insuficientes.
A cada desafio que surge, o cacoete é o mesmo: privatizar para livrar-se do fardo de gerenciar ou… porrada! O ataque à Cracolândia – “sua mais perfeita tradução”, parida e crescida em suas gestões – não é sequer uma tentativa de solucionar o problema das drogas. (Mesmo porque, não se atrevem a tocar nas elites que usam cocaína!) A limpeza da área está ligada ao projeto “Nova Luz” – que pretende desapropriar, expulsar moradores e demolir o bairro da Luz, no centro de São Paulo para, entregá-lo à iniciativa privada (veja excelente vídeo a respeito aqui).
Eternamente amparado pela conivência do PiG amigo, o trio vende à opinião pública paulista uma Suíça, mas entrega uma Bagdá. Como nunca aprendem, mesmo depois de anos de “experiência”, Serra, Alckmin e Kassab ainda enxergam a governança por dois prismas: o primeiro é o clássico trampolim nos degraus que levam ao Palácio do Planalto. (E quando não alcançam a meta, têm garantidas de volta as cadeiras do governo e da prefeitura.) O segundo, é o da comunicação. Neste quesito, ainda estão no século passado, onde o que mais importava não era o fato em si, mas a maneira de noticiá-lo ou mesmo omití-lo por completo. Latrocínio, por exemplo, tornava-se “morte por causa desconhecida”, maquiando, assim, os índices de criminalidade. Cortes nas despesas com a varreção das ruas o e recolhimento do lixo (que nos últimos anos transformaram São Paulo na maior cidade-lixeira do Brasil) são resultado, segundo eles, do “paulistano ser porco por natureza” (veja aqui). E não adianta questionar qualquer maracutaia em suas gestões: sua base na Assembléia de São Paulo engaveta até pensamento contrário a eles.
Até hoje, passavam seus mandatos inteiros chutando o traseiro do paulistano que, por sua vez, “desculpava-se nas urnas” por merecer isso. Mas, este ano, há um cheiro diferente no ar desta cidade. Será o “super cabo eleitoral” se preparando para dar “um bote chamado Haddad”? Toc, toc na madeira! Dessa vez nem o PiG vai conseguir dar um jeitinho…
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