A renúncia de Ricardo Teixeira da presidência da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 é destaque nesta terça-feira em diversos jornais internacionais.
Sob o título "Cai o ‘chefão’ do futebol do Brasil", o jornal espanhol El Mundo observa que já se especulava nos últimos meses sobre a saída de Teixeira após 23 anos no comando da CBF.
O jornal comenta que ao longo desse tempo, Teixeira "foi relacionado com toda a sorte de suspeitas e escândalos de corrupção, o último do qual teria sido o verdadeiro detonante de sua saída".
O diário espanhol destaca a acusação recentemente publicada pelo jornal Folha de S.Paulo sobre um suposto superfaturamento na organização de um amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, pelo qual é investigado pela Justiça.
O jornal destaca o envolvimento do presidente do Barcelona, Sandro Rosell, no caso. Rosell é o proprietário da empresa organizadora do amistoso, registrada oito dias antes do jogo com uma filial em uma fazenda de propriedade de Teixeira. Ele também estaria sendo investigado por ter pago R$ 3,8 milhões a uma filha menor de idade do ex-presidente da CBF.
Outro jornal espanhol, El País, afirma que apesar de já ser esperada, a notícia da renúncia de Teixeira não deixou de ser "uma bomba". "Sua situação havia se tornado muito difícil", observa o diário.
O jornal comenta que a renúncia ocorre num momento de tensão entre o governo brasileiro e a Fifa, que chegou a colocar em dúvida a capacidade do Brasil de organizar a Copa do Mundo.
'Intrigas na Fifa'
O britânico The Guardian afirma que a renúncia de Teixeira "aprofunda as intrigas de corrupção na Fifa", com a expectativa da publicação, na Suíça, de um acordo relacionado a supostas propinas pagas a altos membros da Fifa nos anos 1990 pela empresa de marketing ISL em troca dos direitos de transmissão de torneios internacionais.
Segundo reportagem da BBC no ano passado, os nomes de Teixeira e de seu ex-sogro, o ex-presidente da Fifa João Havelange, estariam entre os beneficiados pelas propinas pagas pela ISL.
O Guardian comenta que "a Fifa diz que quer que o acordo seja divulgado, mas algumas das partes do processo pediram que ele permaneça confidencial".
Teixeira, assim como Havelange, que renunciou ao seu posto no Comitê Olímpico Internacional (COI) após a organização anunciar uma investigação interna, nega as acusações.
Medalha no bolso
O também britânico Daily Telegraph comenta que o sucessor de Teixeira, o ex-governador de são Paulo José Maria Marin, de 79 anos, também está envolvido em polêmicas.
O jornal lembra que no início do ano câmeras de TV o flagraram colocando no bolso uma medalha durante uma premiação de jogadores na final da Copa São Paulo de juniores. Em sua versão online, o jornal traz um link para um vídeo que mostra Marin colocando a medalha no bolso.
A reportagem comenta ainda que Marin garantiu que nada mudará na CBF ou no comitê organizador da Copa com ele no comando e que sua administração será uma continuação da presidência de Teixeira.
"Marin disse que a administração de Teixeira era um exemplo a ser seguido", diz o texto.
O jornal relata que algumas federações locais eram contrárias a Marin e queriam uma nova eleição ou mudanças nos estatutos da CBF para eleger um novo presidente. Marin afirmou que ficará no cargo até o final do atual mandato de Teixeira, em 2015.
O diário argentino La Nación afirma que o início de Marin como presidente da CBF não foi muito promissor, com uma gafe cometida por ele ao trocar Ronaldo por Romário ao comentar seu trabalho no comitê organizador da Copa de 2014.
Ronaldo foi chamado para assumir o Comitê Organizador da Copa no ano passado em meio às pressões do governo brasileiro para tirar poder de Ricardo Teixeira.
Romário, hoje deputado, tem sido um dos mais fortes críticos de Teixeira e da organização da Copa no Brasil
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