Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
O DIA: A juíza Patrícia tinha fama de durona. Por coincidência também é uma mulher que vai assumir o cargo deixado pela magistrada. A senhora também é durona?
ALESSANDRA: — É difícil fazer essa avaliação. Me acho uma pessoa comum, normal e equilibrada. Aquela que acorda, vai para o trabalho, volta e cuida da família. No júri, quem julga são os jurados.
A senhora já sofreu algum tipo de ameaça?
Sim, quando era juíza de Barra do Piraí. Houve dois casos: um de latrocínio (roubo seguido de morte) e outro de um roubo. Os homens foram presos em flagrante. Esperavam o quê? Serem absolvidos? Não. Então, foram condenados e, na verdade, não levei em consideração as ameaças. Sou paga pelo estado para fazer o meu trabalho e ponto. E com relação a isso não tenho dúvida alguma.
Mas em São Gonçalo há muita violência, com a ação grupos de extermínio. No caso do assassinato da Patrícia, foi descoberta a ação de maus policiais. Como a senhora avalia a possibilidade de ter que andar de escolta?
Se for necessário, terei escolta. Tudo depende do que vai acontecer. Não conheço São Gonçalo, era juíza de Queimados e não havia quase casos de violência para serem julgados. É difícil de acreditar, mas Queimados é o oásis judiciário. Não há processos criminais lá, o que é muito curioso. Quando entrei para a magistratura, queria ser útil. Então, me sinto muito mais útil indo para São Gonçalo.
A senhora conhecia a juíza Patrícia?
Não. Fiz questão de ir ao sepultamento da colega porque ela foi assassinada por causa da profissão. Achei que, naquele momento, todos deveríamos estar unidos. A morte da Patrícia representa um atentado contra o judiciário. Então, decidi sair de Queimados para prestar a minha homenagem. Mas sequer passava pela minha cabeça que iria trabalhar em São Gonçalo.
No primeiro momento, o tribunal abriu para remoção e não houve candidatos. O que mudou?
A promoção. Mais de dez juízes concorreram à vaga. No meu caso, subi mais um degrau na minha carreira. De juíza do interior, passei a de entrância especial. Sabia que tinha chances de vencer por causa do critério: antiguidade, levado em consideração na escolha.
Mas a senhora pensou sobre o fato de o cargo ter se transformado em símbolo contra a violência?
Na verdade, enfrentei uma gravidez de risco. Então, quando o edital foi publicado em janeiro, pensei de forma prática, ou seja, tinha chances de ser promovida para a vaga de São Gonçalo. Então, vou disputá-la porque é 31 quilômetros mais perto da minha casa. Isso é importante. Ainda mais agora que tenho uma filha.
E o que a população pode esperar da senhora?
Trabalho e muito trabalho. Vou chegar bem cedo, sem saber que horas vou sair. Vou me dedicar à aplicação da lei, com respeito aos réus e às partes. Honestamente não espero tanta expectativa das pessoas com relação a isso porque não tenho nada de especial. Sempre trabalhei em varas criminais. Todas as homenagens são para a Patrícia.
E qual é a expectativa da senhora com o cargo?
Ser útil, prestar a jurisdição, foi para isso que fiz concurso. A polícia investiga, o Ministério Público denuncia, acolho ou não e os jurados julgam. É assim que funciona. Confesso que não consigo entender o assédio em relação à minha atuação. Sou uma trabalhadora comum. Vou sair de casa, pegar um trânsito danado para chegar lá e depois voltar para fazer as minhas tarefas domésticas, como qualquer pessoa de classe média.
Mas a explosão da violência em São Gonçalo, até com a morte de uma juíza, não assusta?
O assassinato da juíza teve pronta resposta do Estado. Não tenho medo. É o meu papel. Vou cumprir o meu papel e ponto. Não vejo motivo para nenhum estardalhaço com relação a mim. Não há nada de especial em mim.
As próximas três administrações do tribunal serão de mulheres. A senhora pensa em ser um dia presidente da Corte?
A senhora já sofreu algum tipo de ameaça?
Sim, quando era juíza de Barra do Piraí. Houve dois casos: um de latrocínio (roubo seguido de morte) e outro de um roubo. Os homens foram presos em flagrante. Esperavam o quê? Serem absolvidos? Não. Então, foram condenados e, na verdade, não levei em consideração as ameaças. Sou paga pelo estado para fazer o meu trabalho e ponto. E com relação a isso não tenho dúvida alguma.
Mas em São Gonçalo há muita violência, com a ação grupos de extermínio. No caso do assassinato da Patrícia, foi descoberta a ação de maus policiais. Como a senhora avalia a possibilidade de ter que andar de escolta?
Se for necessário, terei escolta. Tudo depende do que vai acontecer. Não conheço São Gonçalo, era juíza de Queimados e não havia quase casos de violência para serem julgados. É difícil de acreditar, mas Queimados é o oásis judiciário. Não há processos criminais lá, o que é muito curioso. Quando entrei para a magistratura, queria ser útil. Então, me sinto muito mais útil indo para São Gonçalo.
A senhora conhecia a juíza Patrícia?
Não. Fiz questão de ir ao sepultamento da colega porque ela foi assassinada por causa da profissão. Achei que, naquele momento, todos deveríamos estar unidos. A morte da Patrícia representa um atentado contra o judiciário. Então, decidi sair de Queimados para prestar a minha homenagem. Mas sequer passava pela minha cabeça que iria trabalhar em São Gonçalo.
No primeiro momento, o tribunal abriu para remoção e não houve candidatos. O que mudou?
A promoção. Mais de dez juízes concorreram à vaga. No meu caso, subi mais um degrau na minha carreira. De juíza do interior, passei a de entrância especial. Sabia que tinha chances de vencer por causa do critério: antiguidade, levado em consideração na escolha.
Mas a senhora pensou sobre o fato de o cargo ter se transformado em símbolo contra a violência?
E o que a população pode esperar da senhora?
Trabalho e muito trabalho. Vou chegar bem cedo, sem saber que horas vou sair. Vou me dedicar à aplicação da lei, com respeito aos réus e às partes. Honestamente não espero tanta expectativa das pessoas com relação a isso porque não tenho nada de especial. Sempre trabalhei em varas criminais. Todas as homenagens são para a Patrícia.
E qual é a expectativa da senhora com o cargo?
Mas a explosão da violência em São Gonçalo, até com a morte de uma juíza, não assusta?
O assassinato da juíza teve pronta resposta do Estado. Não tenho medo. É o meu papel. Vou cumprir o meu papel e ponto. Não vejo motivo para nenhum estardalhaço com relação a mim. Não há nada de especial em mim.
As próximas três administrações do tribunal serão de mulheres. A senhora pensa em ser um dia presidente da Corte?
Não faz parte do meu projeto para a minha carreira. Devo chegar a desembargadora daqui a uns 16 anos. Então, sempre vou torcer para as administrações serem boas e os juízes terem cada vez mais condições de trabalho, principalmente no interior.
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