Lembra daquela propaganda de lingerie com a Gisele Bündchen que provocou a ira das feministas? Não faz muito tempo, uma outra propaganda, apontada como racista, virou assunto. Estamos falando do azeite Gallo, que definiu sua embalagem, escura, como a segurança que proteje o “ouro” dentro do vidro. Terrível. Mas os ativistas do politicamente correto teriam uma agenda BEM mais cheia se estivéssemos nos anos 50 e 60, quando as propagandas ainda se chamavam reclames.
Um blog francês republicou 48 cartazes publicitários que jamais seriam permitidos hoje. A maioria destaca a superioridade do homem sobre a mulher, naquele estilo piadinha machista, com as quais nem mesmo Don Draper concordaria (até porque Don Draper tem feeling, e saca que uma sociedade evoluída não permite isso).
Ok, a gente sabe que os tempos eram outros, que os negros eram separados dos brancos — nos ônibus, nos banheiros ou no bebedouros; que as mulheres eram seguidoras fiéis de seus maridos; e que divorciadas eram julgadas como a plena representação do mal. Mesmo assim, causa desconforto comprovar que esse era o pensamento dominante.
[Leia mais: Uma moradora negra da Rocinha virou garota-propaganda. E, pelo visto, isso é um grande problema]
Quer ver? Como reagir ao ler: “A Chef [nome de uma batedeira] faz tudo, menos cozinhar, pois as esposas são feitas para isso”?
E que tal uma embalagem de ketchup que é tão simples de abrir, mas tãaaao simples, que “até mesmo uma mulher pode fazer isso”?
Depois dessa, eu também não pensaria duas vezes em queimar meu sutiã!
A cada cartaz, o negócio piora. O racismo marca presença, principalmente nos anúncios de produtos de limpeza. Sabonetes e marcas de água sanitária associam os negros à sujeira e sugerem que suas marcas deixam mais branco, literalmente.
Ainda bem que Martin Luther King teve um sonho!
O que será que respondiam os consumidores ao verem o cartaz que indaga: “sempre é ilegal matar uma mulher?”.
E não estamos falando nem mesmo de um crime passional, hein?
E o que você acharia mais absurdo na arte de persuadir alguém a fumar: uma marca de cigarro ser vendida como a preferida entre as grávidas, entre os cientistas e professores, entre os médicos ou o favorito do Papai Noel?
(Acho que naquela época os velhinhos não eram tão bons assim! Ho ho ho.)
Pois bem, minha cara — especialmente você, que é daquele tipo que adora tudo que é vintage e AMA os anos 50 e 60, apesar de não ter nascido antes de 77. Mil perdões por “desfofurizar” os anos das bolinhas e dos topetes com brilhantina.
Preste bem atenção nessas publicidades infelizes e comece a fazer a fazer sua lista de boicote às marcas que, no passado, representaram tudo o que temos combatido.
Ou apenas celebre o fato de que o mundo dá voltas e as coisas mudam. Ufa.
Fotos: reprodução/Shutterstock
No Jezebel
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