Quando eu era criança, minha mãe sempre me dizia a mesma coisa quando eu chegava da escola reclamando que alguém tinha sido escroto comigo: “bom, essa criança provavelmente tem uma vida difícil”. Em primeiro lugar, quero agradecer minha mãe por sempre me defender! Em segundo lugar, acho que você está ERRADA, mãe. Acho que alguns babacas são assim porque nasceram desse jeito.
Num estudo fascinante, ainda que meio duvidoso, pesquisadores descobriram que algumas pessoas podem ter uma predisposição genética à gentebonice (ou seja, elas simplesmente são gente boa, nasceram assim). Por meio de um questionário online, o estudo tentou identificar se os participantes “achavam que o mundo era ameaçador”, e também pediram amostras de saliva. Elas foram analisadas, os hormônios ocitocina e vasopressina foram dosados, e depois esses resultados foram cruzados com o quão “legal” cada participante era:
Como era esperado pelos autores do estudo, as pessoas que encaram o mundo como um lugar ameaçador tenderam a não se envolver em ações de caridade, exceto se eles tinham certas variantes dos genes que os pesquisadores estavam analisando.Caso os receptores em questão sejam especialmente sensíveis à ocitocina e vasopressina, mesmo aqueles que têm medo de outras pessoas poderão ser legais, disse Michael Poulin, professor assistente de Psicologia na Universidade de Buffalo e coautor do estudo.“Nós descobrimos que esses genes também preveem a vontade que as pessoas têm de serem gentis em nome dos outros ou agressivos em nome dos outros”, disse Poulin. Em outras palavras, fatores biológicos podem influenciar o quanto você quer defender alguém”.
Joia! É claro que o espaço amostral deles é relativamente pequeno (apenas 348 pessoas) e não estabelece uma relação causal direta entre herdar certos genes e ter um comportamento ruim. Mas, ainda assim, é um experimento divertido, e pode ajudar a elucidar por que algumas pessoas fazem questão de ser escrotas, mesmo que isso seja péssimo (“péssimo” é um termo técnico, certo? É péssimo pra mim!). Se a hipótese desse estudo se provar 100% verdadeira algum dia, o que isso vai significar para o futuro dos escrotos?
Por um lado, eu acho que mudar a mentalidade de que ser babaca é uma característica que se deve ao ambiente e responsabilizar a constituição genética é algo benéfico para todos aqueles que são marginalizados por alguma característica inata (bom para os gays!). Por outro lado, falar em constituição genética é algo ambíguo — os racistas adoram distorcer problemas sociais perenes e afirmar que eles têm uma raiz genética (justificando a eugenia, por exemplo). Eu, do meu lado, não tenho interesse em perdoar a falta de educação de ninguém por causa de seu DNA e, além disso, a meta deveria ser tornar esse debate “ambiente X genética” irrelevante, porque não deveria importar se uma pessoa nasceu de um certo jeito ou se foi levada a ser assim. Gente é gente e merece respeito.
O que quero dizer é que não me importo com o código genético — ninguém deve ter um desconto por se comportar como um babaca. Se sua mãe é uma escrota e seu pai também, talvez seja difícil para você não ser um também, mas, por favor, TENTE não ser. É sua responsabilidade enquanto ser humano. Se você não se der nem ao trabalho de tentar, aí, meu caro, você realmente é um escroto mesmo.
Tradução: Patricia Fincatti
No Jezebel
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