Rodolpho Motta Lima - Direto da Redação
Em dois dias da semana que
se encerra, quarta e quinta-feira, 26 e 27.09, resolvi ficar
de olho no Globo, quer dizer, ler com atenção o jornal “O Globo” , suas
notícias daqui e do mundo , e, paralelamente, exercitar um juízo crítico,
dividindo agora minha opinião com os leitores. Os tópicos que selecionei
continuam atuais e, evidentemente, traem o meu interesse direto nas matérias
envolvidas. Outros olhos, com diferente visão do mundo, escolheriam outros
destaques ou, quem sabe, analisariam os mesmos fatos de outro modo. Uma prova
de que a ideologia não morreu.
SUPREMO SÓ TERÁ NOVO MINISTRO APÓS ELEIÇÕES (26.09) - Essa foi a manchete do jornal, ao informar
que a sabatina do novo ministro indicado para o STF foi suspensa e só
retornará após as eleições.
Comentário:
Chega a ser acintosa a torcida para que o julgamento do mensalão se dê antes
das eleições, o que parece comprovar os interesses políticos envolvidos. Essa
preocupação oportunista é incompatível com a democracia. É no mínimo
discutível a marcação do feito para os dias que antecedem as eleições, em total
contradição com a lei eleitoral do país, tão ciosa de coibir atos que
configurem propaganda fora dos ditames legais estabelecidos. Lembrando
que o mensalão mineiro é anterior a esse, e que não foi ainda julgado, só resta
concluir que o calendário do Supremo, intencionalmente ou não, acabou por
facilitar uma propaganda eleitoral subliminar.
Em
tempo: no dia 27.09, o jornal reproduz bate-boca entre três magistrados
do STF, que revela duas coisas: são humanos como quaisquer outros, nunca
deuses; e conseguem enxergar o mesmo fato de modo totalmente distinto, o
que dá para pensar...
É PRIMAVERA (27.09) – Com foto
ilustrativa, o jornal informa: “no lugar de flores, gelo e neve: cidades de
Santa Catarina e do Rio Grande do Sul registraram ontem, no 4º. Dia da
primavera, temperaturas abaixo de zero”.
Comentário:
A primavera anda mesmo surpreendente e contraditória. Veja-se a “primavera
árabe”, tão decantada no mundo ocidental. No mesmo dia 27, o “Globo” publica
matéria sob o título “Em busca da liderança”, esclarecendo que o líder egípcio
Mursi estreava na ONU com críticas aos EUA, em contraste com o tom brando do
iraniano Ahmadinejad...
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA MELHORA , MAS PAÍS É O 12º MAIS DESIGUAL (26.09) - A chamada, na página 26 do
jornal, é complementada com a informação, em caixa mais baixa , de que
“em uma década, 21,8 milhões de brasileiros deixaram a pobreza”.
Comentário:
Já falei aqui sobre a estratégia de usar-se o “mas” para desqualificar
negativamente algo que é positivo. A construção do texto acima exemplifica
isso. Acrescente-se que o dado que realmente deveria merecer a manchete – e na
primeira página - vem em segundo plano: 21 milhões de brasileiros não são mais
pobres, em decorrência de políticas de natureza social que os opositores
neoliberais aos últimos governos não souberam ou não quiseram adotar.
Em
tempo: Manchete do dia 27.09: “ Juros caem, mas calote não diminui”. Novamente
o “mas”, conjunção predileta dos descomprometidos jornalistas globais...
AINDA QUE TARDIA – Esse é o título que
Miriam Leitão deu à sua coluna do dia 26, em que comenta decisão
judicial para que , na certidão de óbito de Vladimir Herzog, deixe de constar a
“mentirosa informação de suicídio”.
Comentário:
É muito positivo que a jornalista – de quem normalmente discordo no
plano ideológico - tenha utilizado seu espaço, usualmente dedicado à
Economia, para aplaudir e analisar com detalhes a decisão da justiça em
caso tão emblemático dos terrores da ditadura.
CÓDIGO FLORESTAL – SENADO APROVA TEXTO CRITICADO POR DILMA - A notícia se complementa com a informação de que, em nome
de se evitar “a insegurança jurídica no campo”, o Senado aprovou “sem tempo
hábil para alterar o texto (...), em votação simbólica, a Medida Provisória do
Código Florestal com as mudanças, inseridas durante a tramitação, que favorecem
os ruralistas” .
Comentário:
É óbvio que, também aqui, joga-se com aspectos temporais para enganar o povo.
Tudo foi armado e acertado para dar no que deu: a aprovação de uma lei que
contraria os interesses nacionais de preservação ambiental , feita por uma
espúria “bancada ruralista” fruto de estelionato eleitoral, porque não se
apresenta como tal nas eleições e usa cargos representativos para trair o povo.
Espera-se que Dilma vete alguma coisa.
DILMA VOTA OBAMA (26.09)– Na coluna do Ancelmo Góis, esse é o título de
matéria que esclarece que, “se fosse cidadã americana, Dilma
votaria nele (Obama)”.
Comentário:
Só resta acrescentar as expressões “é óbvio” e “felizmente”, uma vez que seria
inconcebível e absolutamente incoerente um hipotético voto da Presidenta – uma
mulher de esquerda - nos republicanos ultradireitistas, que representam,
não apenas a volta do “ideário Bush”, mas um profundo retrocesso nos caminhos
da sociedade americana. Obama, apesar de refém do pensamento belicista,
é caso típico de aplicação do ditado “dos males, o menor”.
FURDÚNCIO - Na mesma coluna,
mas no dia 27.09, o jornalista informa que Roberto e Erasmo Carlos
compuseram para uma próxima novela global um funk chamado “Furdúncio” ,
que começa assim: “Quando ela chega é um furdúncio adoidado”.
Comentário:
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2 comentários:
É uma escrotidão MESMO!!! (desculpe)
Pra verdade não existe perdido de desculpas. :)
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