domingo, 7 de dezembro de 2014

Mães de Maio: SOLIDARIEDADE TOTAL ÀS VÍTIMAS; AUTODEFESA FRENTE AO ALGOZ MACHISTA;



SOLIDARIEDADE TOTAL ÀS VÍTIMAS; AUTODEFESA FRENTE AO ALGOZ MACHISTA; DESCONSTRUÇÃO COTIDIANA DOS MACHISMOS!
Mães de Maio

Sobre o caso do Idelber Avelar, cujas opiniões sobre diversos assuntos relevantes nós também já havíamos postado várias vezes em nossa página, indicamos aqui preliminarmente algumas leituras e reflexões sobre o assunto. Comentários construtivos e outras indicações de leituras são muito bem-vindas!

Em primeiro e destacado lugar, a palavra direta das vítimas: http://butterytenaciousbird.tumblr.com/ . A elas a nossa total solidariedade! Que suas denúncias contribuam para prevenir novas manipulações, agressões e abusos machistas! E para fortalecer de maneira construtiva e consistente a luta feminista - entre mulheres e homens tb! Muita força a vocês, guerreiras!

Outra reflexão interessante sobre o caso foi feita pela guerreira feminista Lola Aronovich, que também traz outros desdobramentos do caso. Além de se solidarizar com as vítimas, repudia não só o machista mas tb os hipsters que zombaram das vítimas, ao mesmo tempo em que finaliza esperançosa: "Eu, pessoalmente, continuo acreditando em homem feminista. Não vou perder a confiança em montes de aliados por causa de um". O debate gerado nos comentários do texto valem a pena - sobretudo por manter o tom de serenidade e fugirem à tentação dos puros linchamentos virtuais. (Ver mais aqui: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2014/11/se-ele-fosse-assim-publicamente-nao-lhe.html)

André Godinho sintetizou de maneira muito precisa as implicações do triste caso: trata-se de uma questão ética e política, não moral nem jurídica. "Entendo, portanto, que a exposição do assédio pelas duas mulheres se coloca numa esfera que não é nem a judicial nem a moral, mas de natureza ética e política. Sendo que a questão colocada nos relatos é sobretudo a da consensualidade, que no meio da treta muitas vezes é reduzida à opção dessas mulheres em continuar ou não conversando com ele - uma das muitas variantes da culpabilização da vítima. Só que consensualidade não é só isso. Para não serem opressivas e abusivas, as práticas sexuais podem escapar a normas morais estabelecidas, mas não podem ignorar questões éticas, o que é bem diferente. Os relatos indicam se tratar de jogos recorrentes nos quais as regras não são claras para as mulheres envolvidas, que são abordadas de forma abusiva e que são manipuladas por alguém que usa privilégios sociais para explorar suas fragilidades. Se fosse apenas conversa suja, mesmo que muito suja, entre duas pessoas adultas, cada qual buscando seu prazer, daria pra falar em tribunal moral. Mas não é o caso, o caso é de autodefesa das mulheres e de necessidade de autocrítica para todos nós. Nenhuma dessas questões se esgotam neste caso e espero que ele sirva para o aprendizado de todos." (Leiam o texto completo do Godinho aqui: https://www.facebook.com/maes.demaio/photos/a.174007019401673.38528.173936532742055/551609878308050/?type=1&relevant_count=1)

Chega a ser vertiginoso pensar que o Idelber Avelar foi capaz de escrever as seguintes palavras em 2010, em meio a uma polêmica sobre feminismo: "Quando esses homens são confrontados por uma feminista, seja em sua ignorância, seja em sua cumplicidade com uma ordem de coisas opressora para as mulheres, armam um chororô de mastodônticas proporções, pobres coitados, tão patrulhados que são. Todos aqueles olhos roxos, discriminações, assédios sexuais, assassinatos, estupros, incluindo-se estupros "corretivos" de lésbicas (via Vange), objetificações para o prazer único do outro, estereotipia na mídia, jornadas duplas de trabalho, espancamentos domésticos? Que nada! Sofrimento mesmo é o de macho “patrulhado” ou “linchado” por feministas! A coisa chega a ser cômica, de tão constrangedora." (Ler aqui: http://www.idelberavelar.com/archives/2010/12/a_busca_incansavel_por_um_feminismo_docil_ou_nao_e_de_voce_que_devemos_falar.php)

Reproduzimos e assinamos aqui embaixo totalmente as palavras do guerreiro Wernner Lucas do Uma outra Opinião:

"O professor Idelber Avelar está sendo acusado de assediar e humilhar mulheres casadas e uma menor de idade. 


Para acessar as denuncias feitas pelas vítimas clique aqui:http://butterytenaciousbird.tumblr.com/

Como ele é um cara que sempre admirei e do qual compartilhei várias ideias na página Uma outra Opinião e aqui no meu perfil pessoal, acho importante me manifestar em uma situação tão grave.
Fiquei sabendo disso há dois dias, resolvi esperar e dar o beneficio da dúvida ao mesmo. Passado dois dias mais provas contra ele surgiram e o mesmo não se manifestou e apagou seu perfil pessoal do Facebook.
Quero deixar claro que repúdio totalmente todas as atitudes machistas que estão sendo denunciadas pelas vítimas. Não há nada que justifique violência psicológica contra qualquer mulher. Esse tipo de comportamento não pode ser aceito ou tolerado mais.
Acredito que esse episódio sirva para mostrar que mesmo homens que se dizem progressistas e de esquerda carregam uma forte carga de machismo dentro de si. E muitas vezes, todos nós nos pegamos oprimindo de alguma forma as mulheres ao nosso redor. O preço para evitar que isso aconteça é uma eterna vigilância e uma constante desconstrução do machismo que carregamos dentro de nós.
Claro que todos podem cometer erros e eu inclusive já fui muito machista e repeti inúmeros atos opressores contra as mulheres. Mas, acredito, que o importante nesse caso é assumir esses erros, "pagar" por eles e tentar não cometê-los novamente. Não ficar tentando nos justificar sempre que nosso machismo é acusado, tentando escapar ileso dos erros que cometemos.
Todos sabemos que existe uma luta grande do feminismo contra o descrédito que as mulheres sofrem por ser vítimas de abusos sexuais, físicos ou mesmo psicológicos. E não podemos relativizar isso só pelo fato do cara ser "legal e progressista". Não podemos mais uma vez desacreditar as vítimas e defender o possível algoz.
Estou bem decepcionado com essa situação, mas acho que me calar agora seria só mais uma forma de proteger alguém por ser homem e por admirar a pessoa. Afinal se essas acusações estivessem sendo feitas contra algum intelectual da direita, toda a esquerda já estaria mobilizada para criticar o mesmo. E eu que já "dei tanta voz" para o professor e para suas ideias, acho que também devo dar voz a essas mulheres e as suas graves denúncias feitas contra o mesmo.
Espero que tudo seja esclarecido o mais rápido possível"

E por fim, compartilhamos tb um texto que acabou de sair - a partir da polêmica - que aponta questões e desafios fundamentais para tod@s:

"Neste contexto ambivalente, como então valorizar a palavra direta das vítimas e o nosso protagonismo, (re)empoderando-nos contra a histórica lógica negacionista e punitivista deste Estado Penal, agora turbinado ciberneticamente, sem reproduzir nas nossas tão necessárias novas formas de autodefesa (de elaboração de conflitos, reparação e construção horizontal de novos convívios), os atuais padrões de disciplinarização, vigilância e violência punitiva – contra o outro, que pode ser inclusive nós mesmxs?

Sairemos mais fortes ou mais fracxs após cada fratura – e cada agressor/opressor – que conseguirmos expor, por nós mesmxs, deste Sistema Capitalista, Racista e Machista? Com quem (grupo, gênero, raça ou classe) e de que forma podemos nos organizar horizontal e efetivamente para forçar essas fraturas – analisando-as caso a caso? Este esgarçamento fortalece a nossa Autonomia e propõe novas formas efetivas de Elaboração dos Conflitos e Construção Coletiva da Liberdade, ou pode acabar criando outras armadilhas para nós mesmxs – estruturas opressivas similares, nos jogando, fragmentadxs, deformadxs e desconfiadxs entre si (beirando à paranóia), totalmente integradxs ao sistema que buscávamos destruir: nós contra nós mesmxs?" (por Fran e Dan, disponível aqui: http://passapalavra.info/2014/12/101252).

Atualização (04/12/2014, às 13:40hs):

Diante das recentes manifestações de Idelber Avelar (https://www.facebook.com/idelber.avelar/posts/10152684471587713?fref=nf), a nosso ver cínicas, machistas e punitivistas, reiteramos nossa total solidariedade e apoio efetivo às mulheres que se sentiram violentadas por ele - nos colocando inclusive, enquanto movimento independente, para ajudá-las na construção da sua defesa pública ético-política (principalmente!), além da defesa cível e criminal (já que Idelber optou por judicializar o caso e reagir na esfera do Estado Penal - colocando-se como suposta vítima criminal das mulheres que o denunciaram na mesma internet que ele sempre usou e abusou).

Desde já pontuamos que somos contra qualquer tipo de escracho em casos assim (nem acreditamos que esta luta deva ser feita apenas por mulheres), porém JAMAIS nos calaremos nem deixaremos de pensar (ao lado das verdadeiras vítimas) formas responsáveis e efetivas de solidariedade prática, busca da verdade e de justiça alternativa!

Tâmo junt@s, Guerreiras: Nóis por Nóis!

#Autonomia
#NóisPorNóis
#LutaFeminista
#ContraOEstadoPenal
#MemóriaVerdadeJustiça
#PeloFimDaViolênciaContraMulher


POR UM MUNDO SEM MACHISMOS!

POR UMA ESQUERDA, DE MULHERES E HOMENS, REALMENTE FEMINISTA E LIBERTÁRIA!

PELO FIM DE TODA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

#LutaFeminista
#SomosTodosFeministas
#PeloFimDaViolênciaContraAMulher

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