Essa onda de reality shows de tudo que é lixo parece não ter fim. E, lamentavelmente, deve ter público, tal a avidez com que as emissoras procuram esse tipo de show. O negócio é mostrar o ser humano do jeito que ele é, embora se saiba que quase tudo nesses programas é editado e alguns deles têm até script.
Os competidores sabem que estão sendo filmados e estão ali apenas em busca de uma oportunidade no mundo das celebridades. E para conseguir tal feito, fazem o que a produção pedir, sem vergonha ou pudor. Câmeras instaladas em cantinhos estratégicos estão lá para registrar festinhas , brigas e até transas dos competidores. Tudo como manda o figurino do sensacionalismo barato.
Quem é do ramo logo percebe que de “realidade” esses shows não têm nada. Para o povão, entretanto, quanto mais escracho, quanto mais tolerância, quanto mais besteirol é o que importa, caso contrário esses bbbs da vida não teriam a audiência que têm e os patrocinadores que disputam uma quota publicitária.
Como disse antes, essa onda de mesmices parece não ter fim. Leio nos jornais de hoje que até a Band, que vive pendurada em promessas de estréias que nunca acontecem, resolveu aderir a esse tipo de programa. E anuncia a “criativa” idéia de imitar o reality americano “Real Housewives”, com o acintoso nome de “Mulheres Ricas”.
Ora, faça-me o favor. Num país onde a maioria das pessoas não tem acesso a bens de consumo modernos e mais da metade da população não tem nem computador, a emissora vai exibir na telinha uma cambada de mulheres fúteis e alienadas que só tem um objetivo na vida: consumir!
Nas notas publicadas nas colunas “especializadas em celebridades”, li que as mulheres seriam escolhidas “a dedo” – não sei o que quiseram dizer com isso - e que a maioria seria de São Paulo, a meca das consumidoras desvairadas, onde o que vale é carregar no peito, como se fosse uma condecoração, o nome de uma marca famosa. Elas nem se tocam que, na verdade, estão fazendo propaganda gratuita para as griffes e enchendo de dinheiro o cofre dos empresários..
O tal programa já escalou duas socialites para o programa de estréia, Val Marchiori e Narciza Tamborindeguy, a fina flor do que há de mais fútil na “alta sociedade” brasileira. Elas terão a incumbência de viajar a Paris, às custas de uma companhia aérea, para gravar um festival de compras na cidade Luz, que será depois mostrado no programa.
Ao contrário da maioria da população do planeta, dinheiro não é problema para essas duas deslumbradas senhoras, que moram em apartamentos que valem milhões e andam nas ruas em carros blindados cercadas de seguranças. E não se envergonham em gastar fortunas num fim de semana em Ibiza ou numa tarde de compras na Daslu e outras lojas do ramo.
Agora, a pergunta que não quer calar. A troco de que a Band vai colocar no ar um reality show com personagens desse tipo? Em que essas pessoas se identificam com o dia a dia sofrido da maior parte da população brasileira?
A única resposta que encontro para essas perguntas está numa célebre frase do filósofo popular, Joãozinho Trinta, quando sentenciou certa feita: “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta mesmo é de luxo”.
Direto da Redação
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