Guia defende que as mulheres muçulmanas deixem o véu de lado e topem uma relação mais aberta com o marido e as outras mulheres dele e diz que o sexo grupal pode ser "uma forma de prece" |
Uma associação de mulheres muçulmanas da Indonésia, que propõe a submissão da mulher para combater o divórcio e a violência doméstica, lançou um guia que estimula o sexo grupal como uma forma para fortalecer os casamentos com mais de uma mulher, assunto que gerou rejeição de entidades muçulmanas e de direitos humanos.
A organização alcançou notoriedade ao defender que as mulheres se comportem como prostitutas especialistas na cama para atender os desejos dos maridos e manter a união familiar.
Islamic sex, fighting Jews to return Islamic sex to the world(Sexo islâmico, combatendo os judeus para devolver o sexo islâmico ao mundo, em tradução livre) é o título do manual de 115 páginas que foi distribuído entre as mais de mil fãs na Indonésia, Malásia e Cingapura pelo Obedient Wives Club (Clube da Esposas Obedientes).
Trata-se de uma espécie de Kama Sutra para preservação do casamento que oferece, sem conter nenhuma fotografia ou desenho, instruções sobre como entreter, obedecer e dar prazer aos maridos.
Com este intuito pedagógico, a associação pretende melhorar o desempenho das mulheres que, segundo o texto, normalmente só atendem a 10% do desejo de seus cônjuges.
Guia defende sexo grupal como 'forma de prece'
A imprensa local revelou trechos do manual apesar de "a leitura ser restrita as integrantes do clube", revelou a diretora da associação na Indonésia, Gina Puspita.
"Alá garantiu ao homem a possibilidade de ter sexo simultâneo com todas suas esposas. Se a mulher assim agir, o sexo será melhor", diz um dos capítulos do guia, que estimula as mulheres a manter relações com seus maridos e as outras mulheres dele.
O livro mostra em outros capítulos como as mulheres podem satisfazer seus maridos descrevendo atos sexuais e defendendo que o sexo é uma forma de prece.
A fundadora do grupo, Maznah Taufik, considera que as separações são resultado do fracasso das mulheres em dar prazer a seus maridos.
- O abuso doméstico acontece porque as esposas não obedecem aos maridos. O homem é o responsável pelo bem-estar da mulher, mas ela deve escutá-lo e obedecê-lo.
Livro é alvo de críticas por feministas e conservadores
O manual recebeu duras críticas de inúmeros grupos muçulmanos, organizações de direitos humanos e até mesmo de ministros.
A responsável pela associação feminista Empower criticou a visão "atrasada e estreita" do papel da mulher no guia.
- É realmente um insulto ao movimento de defesa dos direitos da mulher. Avançamos o suficiente para que as mulheres não sejam mais tratadas como meros objetos sexuais.
Ratna Osnan, líder do grupo muçulmano Irmãs no Islã, denunciou que "os homens que abusam costumam utilizar o comportamento de suas esposas como justificativa de seus atos embora sejam sua responsabilidade".
O ministro de Assuntos Islâmicos da Malásia, Jamil Khir Baharom, anunciou que irá analisar o conteúdo do livro para determinar se é pornográfico ou ofensivo ao islã.
Vários países muçulmanos mantêm a poligamia, prática pela qual os homens muçulmanos podem se casar com mais de uma mulher sempre que possuam meios para sustentá-las.
Na Indonésia - o país com mais muçulmanos do mundo onde 80% de seus 240 milhões de habitantes praticam esta religião - o clube se nega a fornecer mais detalhes sobre um guia de "uso privado e exclusivo".
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