Dayanne Sousa
Leia a entrevista.
O senhor avalia que é legítima essa revindicação de tirar a polícia do campus?
É preciso discutir a origem dessa determinação de ter a polícia no campus. O problema não é segurança. Por trás da busca da segurança tem mais coisas.
O senhor quer dizer que há repressão?
Sim, diante do histórico do reitor João Grandino Rodas. Em 2007, ele colocou a Polícia Militar dentro da faculdade de direito para tirar os movimentos sociais dali de dentro. Ele já usou a polícia para afastar uma greve de servidores no campus. Nesse contexto, a questão da segurança é só um mote.
Não, não deve haver nenhum tratamento diferente do ponto de vista legal. Não se pode dizer que fora da Universidade é uma coisa e dentro é outra. Não foi isso que levou os alunos a esse ato. Se você descontextualizar, vai dizer: "eles não querem que pessoas que estão cometendo um ato ilícito sejam presas". O problema é que isso é o estopim de uma gama enorme de insatisfação. As pessoas já estão satisfeitas com a situação e, diante de um fato isolado, resolveram se manifestar por conta da opressão que vêm sentindo. O estopim foi gerado por uma coisa pequena, mas que reflete algo muito maior.
O reitor não sinalizou que deve negociar com os alunos, mas a diretoria da faculdade ocupada, sim. A expectativa é positiva?
Sim, a expectativa é boa. Acho que vai prevalecer o bom senso, como deve ser dentro de uma Universidade. Não há possibilidade de uma posição radical ser posta. A questão da segurança vai ter que ser discutida e a qualidade da preservação da segurança sem ser opressora é outro ponto. A forma de fazer isso é fruto do debate.
Na USP sempre houve uma discussão forte sobre a dificuldade de se ter uma política coerente com relação às drogas. Todo mundo sabe que existe, mas quando algum usuário incomoda chamam a polícia. Será que é possível acabar com essa dubiedade?
Vira ilícito na hora que convém. Mas é muito difícil. Por isso acho que a soma de inteligências para resolver esses problemas sem preconceitos é a única solução. Pessoalmente, não visualizo uma saída, só sei que a solução de repressão adotada no momento é a pior possível.
No JB
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