Luiza Erundina: representação feminina no Congresso é vergonhosa
Agência Brasil
Erundina assumiu a prefeitura de São Paulo em 1988. Ela considera que conseguiu imprimir uma marca de sensibilidade em sua administração. “Acho que a mulher tem mais sensibilidade para mudar a forma de exercer o poder, e essa é a nossa tarefa. Não é só disputar e conquistar poder. É transformar a forma de exercer o poder, senão reproduz o modelo machista, patriarcal, autoritário, centralizador. E o que é que muda? Nada.”
Erundina, no entanto, não acredita que o preconceito de gênero seja a única barreira para a ascensão das mulheres. Em sua opinião, essa baixa participação é fruto da cultura machista dominante no Brasil. “Nós, mulheres, não somos instadas, orientadas e estimuladas desde criança, adolescente, de jovens, a ocuparmos os espaços públicos, como os meninos já o fazem por estimulo da própria família, do ambiente, da comunidade. E nós incorporamos esse papel secundário nosso na sociedade. É como se o poder fosse para os homens e nós não fôssemos capazes de disputar e de exercer o poder”, observou.
“Às vezes até subliminarmente: votamos em homens porque não queremos reconhecer nossa impotência, nossa pretensa impotência, nossa pretensa incapacidade, nossa inferioridade em relação aos homens. Portanto, há uma carga cultural, educacional, social muito forte para se romper.”
Nesse contexto, a reforma política, na opinião da deputada, é primordial não só para alterar as regras eleitorais, mas para a organização dos partidos e das práticas políticas, para a transparência e a forma como os agrupamentos políticos funcionam.
“Não tenho dúvida de que a barreira maior de integração de inclusão da mulher na sociedade brasileira é o acesso ao poder”, enfatizou Erundina.
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