quarta-feira, 25 de abril de 2012

STF pode liquidar resistência às cotas raciais e sociais

STF pode liquidar resistência às cotas raciais e sociais

Afro-raggae: presente hoje em Brasília
Julgamento, a partir das 14h, será acompanhado por mobilização de alunos cotistas e Banda Afro-reggae, e acompanhado pelo cineasta Spike Lee
Pode terminar esta tarde, em Brasília, um episódio emblemático de resistência das elites brasileiras a medidas democratizantes que atingem seus privilégios. O plenário do Supremo Tribunal Federal julgará três Ações Diretas de Inconstitucionalidade que procuram anular as políticas de cotas sociais e raciais nas universidades. Foram impetradas por um partido político (naturalmente, o DEM…), pela Confederação dos donos de escolas privadas (a Confenen) e por um estudante branco que se julgou prejudicado.
Hoje, a confirmação das cotas é considerada certa: diversos ministros do STF já se manifestaram por sua constitucionalidade. Mas há apenas três anos, quando as ações começaram a chegar ao tribunal, o cenário era outro, lembra o blog Mamapress. Os jornais ironizavam a nova política, afirmando que “não iria dar certo; atrairia o ódio racion norte-americano; dividiria o país entre pretos e brancos”; “formaria profissionais que não seriam aceitos no mercado”. Colunistas como Demétrio Magnoli e editores como Ali Kamel eram chamados para constantes pronunciamentos a respeito.
A provável vitória de hoje é mais um sinal de que o país vive mudanças culturais importantes e rápidas, impulsionadas também por uma atitude altiva das periferias. Para pressionar o STF a enterrar as políticas antidiscriminatórias, caravanas de alunos quotistas de vários estados estão desde ontem em Brasília. Um ato ecumênico diante do tribunal será animado pela Banda Afro-Reggae (na foto). O cineasta Spike Lee (diretor deMalcolmX Faça a Coisa Certa) anunciou que estará presente e registrará o julgamento. Ele prepara novo filme, intitulado Go, Brazil, go, em que destaca a importância internacional do país para novos padrões de igualdade e diálogo inter-étnico. Tais mobilizações continuam a ser ignoradas pela mídia tradicional, num sinal de que parte das elites deixou a histeria, mas ainda não se sente à vontade num país menos desigual.

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